quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Não dê um smartphone ao seu filho



Por Jonathon van Maren | Depois de passar quatro dias em um encontro de combate à exploração sexual, na cidade de Houston, no Texas, minha mente está exausta. Assistimos a palestras sobre neurociência, tráfico humano, abuso sexual, exploração infantil e muito mais. Também assistimos a muitas, muitas palestras, sobre o veneno que tem se infiltrado em todos os lugares, alimentando o estupro, destruindo relacionamentos, debilitando os homens e obliterando a infância: a pornografia.

Ainda escreverei muito mais sobre o que aprendi, mas, por enquanto, gostaria de fazer aos pais um breve apelo, que praticamente todos os palestrantes fizeram e eu faço questão de repetir: não dê um smartphone ao seu filho.

Parece loucura imaginar que, uma década atrás, smartphones eram incomuns. Muitas pessoas sequer tinham um celular em mãos. Agora, de acordo com a premiada jornalista e escritora Nancy Jo Sales — autora de American Girls: Social Media and the Secret Lives of Teenagers —, praticamente todas as interações sociais (e sexuais) dos adolescentes foram canalizadas para os pequenos e frenéticos aparelhos que eles carregam consigo para onde quer que vão. Isso tem feito crescerem ocyberbullying, o consumo e a produção de pornografia e até mesmo o suicídio e a exploração sexual entre jovens. Adolescentes — e crianças — são puxados para dentro das redes sociais, do Facebook ao Instagram, do Snapchat a outra meia dúzia de aplicativos desconhecidos, onde as interações e os conteúdos são selecionados apenas pelas crianças que os acessam, livres de qualquer supervisão dos pais ou adultos.

Os adolescentes sabem que isso está tornando as suas vidas miseráveis. As meninas com quem conversou a jornalista Nancy Sales também lhe contaram isso. Mas elas também revelaram não ter saída. Como hoje a maior parte da vida das pessoas se passa online, optar por sair é como escolher o isolamento voluntário. As "moedas de troca" geralmente envolvem imagens de nudez, sexo explícito ou "selfies" — e, cada vez mais, também isso deixou de ser opcional.

Os pais são incapazes de controlar esse novo mundo dos adolescentes. Em muitos casos, eles sequer conseguem penetrar o seu interior. É por isso que um pai ficou tão perplexo quando sua filha se enforcou depois de um adolescente cruelmente publicar um vídeo seu tomando banho no Snapchat — aquela tinha sido, na verdade, a primeira vez em que o pai, desolado, ouviu falar de "Snapchat". Para os pais que desejam resgatar os seus filhos da "selva da Internet" ou poupá-los do sofrimento que está devastando milhões de pessoas, há algumas alternativas. Diálogo honesto e conversas francas. Fiscalização atenta do uso das redes sociais. Programas especiais e filtros de Internet em todos os aparelhos de tecnologia.

Mas, por hoje, eu gostaria de indicar apenas uma coisa: não dê um smartphone ao seu filho.

Esse conselho tem me tornado bastante impopular em alguns ambientes. Um dia desses, durante apresentação em uma escola, um adolescente me cumprimentou com sarcasmo: "Então você é aquele que disse aos meus pais que eu não deveria ter um celular". Mas isso é essencial. As crianças e a maior parte dos adolescentes não precisam de um celular com acesso à Internet. Eles não precisam de acesso ininterrupto aos sites de mídia social que os submetem mais à influência de seus colegas que à de seus pais. Eles não precisam da pressão social que inevitavelmente —inevitavelmente — advém da entrada em um mundo com novos padrões e novas "moedas de troca". E, acima de tudo, eles não devem ter acesso a toda a pornografia que a web pode oferecer, a todo esse material sujo criando novos e destrutivos modelos de comportamento — modelos com os quais toda a juventude, para além dos Estados Unidos, está começando a se conformar, seja por pressão, por violência ou por escolha própria.

Escutei dezenas de histórias nesse fim de semana, de pais que se surpreenderam encontrando os seus filhos assistindo a pornografia pesada em seus smartphones. Crianças com idade menor que a média de primeira exposição a pornografia, que costumava ser 11 anos. Agora são 9. Essas crianças, em alguns breves momentos de espanto e terror, têm roubada a sua inocência. Seus mundos mudam por completo naquele momento. Elas não podem "desver" o que viram. Elas sequer deveriam ter acesso a isso, para começo de história.

Por isso, não coloque um smartphone na mão do seu filho.

Eu entendo que os adolescentes tendem mais a precisar realmente de um celular. Meus pais me compraram um telefone celular quando eu tirei a carteira de habilitação — não para que eu interagisse com meus amigos e entrasse na Internet, mas para que eles entrassem em contato comigo e eu tivesse um meio de me comunicar quando estivesse fora, essas coisas. Meus primeiros celulares não tinham acesso à Internet, e eu não perdi nada com isso. Confesso que às vezes gostaria que meu telefone atual também não tivesse Internet, porque eu sou culpado, juntamente com esta geração, de desperdiçar tempo no meu telefone quando poderia estar fazendo alguma coisa (qualquer coisa, na verdade) mais produtiva. Mas, quando adolescentes precisam de um telefone, mesmo assim eles não precisam de um telefone com acesso à Internet. Um telefone que lhes permita fazer ligações e mandar mensagens é bom o suficiente. Eles não precisam estar constantemente conectados às redes sociais, não precisam de Snapchat (um aplicativo que pode arruinar vidas em questão de segundos) e eles definitivamente não devem ter acesso à pornografia selvagem com a qual quase inevitavelmente irão se deparar.

Não dê aos produtores pornográficos o acesso que eles tanto procuram aos seus filhos. Eles sabem que crianças e adolescentes são mais propensos a encontrar pornografia em seus celulares, e é por isso que eles fizeram um esforço gigantesco nos últimos anos para criar material pornô que pudesse ser visto e transmitido via aparelhos móveis. Eles sabem como chegar aos seus filhos: por meio de um smartphone.

Não dê um ao seu filho.

Fonte: LifeSiteNews.com | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere
Créditos: padrepauloricardo.org

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Nossa liberdade está em sermos servos da verdade


Em discurso feito ainda no início de seu pontificado, São João Paulo II encoraja os sacerdotes a serem fiéis à doutrina moral da Igreja e faz uma bela reflexão sobre a reconciliação da consciência humana com Deus.


O texto a seguir infelizmente só se encontrava no site do Vaticano em línguas italiana e francesa, mas, dadas a atualidade do assunto, a caridade e a verdade das palavras, bem como a autoridade de quem fala — um Papa santo —, demo-nos ao trabalho de vertê-lo para a língua portuguesa, a fim de tornar disponível, a todos os que nos acompanham, esta preciosidade.

Quem se pronuncia abaixo é São João Paulo II, o tema de seu discurso é a "procriação responsável" e os destinatários de sua fala são os sacerdotes. A eles, partícipes consigo "do único sacerdócio de Cristo", o Papa dirige uma palavra de encorajamento, ao mesmo tempo em que medita sobre a reconciliação da consciência humana com Deus — tema ao qual ele dedicaria, em 1993, a importantíssima encíclica Veritatis Splendor.
Discurso do Papa São João Paulo II a sacerdotes participantes de seminário sobre "A procriação responsável"
Quinta-feira, 1.º de março de 1984
Caríssimos sacerdotes!

1. Alegro-me em acolher-vos nesta audiência especial, que me permite exprimir-vos o profundo afeto que tenho por vós, partícipes comigo do único sacerdócio de Cristo, e manifestar-vos ao mesmo tempo a grande consideração que tenho pelo trabalho pastoral ao qual dedicais as vossas melhores energias.

Vós desenvolveis o vosso apostolado particularmente a serviço da família, na justa convicção de que toda ajuda oferecida a esta célula fundamental do consórcio humano comporta uma eficácia multiplicada, que se reflete em diversos componentes do núcleo familiar, ao mesmo tempo em que se perpetua no tempo, graças à obra educacional que dos pais se percebe nos filhos e, por meio destes, nos netos.

Desejo confirmar-vos nesta convicção e encorajar-vos a prosseguir a obra começada, na qual não vos pode faltar a bênção de Deus, primeiro idealizador da comunidade familiar e, "quando chega a plenitude do tempo" (Gl 4, 4), seu providente redentor.

2. Este encontro acontece por ocasião de vossa participação no congresso que oCentro de estudos e pesquisas sobre a regulação natural da fertilidade, da Universidade Católica do Sagrado Coração, e o Instituto de estudos sobre o matrimônio e a família, da Pontifícia Universidade Lateranense, oportunamente promovem sobre o importante tema da procriação responsável. Gostaria, nesta circunstância, de dizer alguma coisa sobre o assunto a partir de um ponto de vista sobretudo pastoral.

Na recente celebração do Jubileu dos sacerdotes, admoestei-os: "Abramos sempre mais largamente os olhos — o olhar da alma — para compreender melhor o que significa perdoar os pecados e reconciliar as consciências humanas com o Deusinfinitamente santo, com o Deus da Verdade e do Amor" [1]. Reconciliar a consciência humana com o Deus da Verdade e do Amor; é esse o vosso ministério sempre, mas de um modo especial quando colocais o vosso sacerdócio a serviço dos esposos.

Vós quisestes, nestes dias, descobrir e aprofundar os fundamentos científicos, filosóficos e teológicos da procriação responsável: mais precisamente da doutrina da encíclica Humanae Vitae e da exortação apostólica Familiaris Consortio, a fim de reconciliar a consciência humana dos esposos com o Deus da verdade e do amor. Mas quando é que, de fato, a consciência humana é "reconciliada"? Quando passa a existir nela a paz profunda? Quando ela está na Verdade. E os dois documentos acima citados, na fidelidade à tradição da Igreja, ensinaram a verdade acerca do amor conjugal enquanto comunhão de pessoas.

O que significa "reconciliar a consciência dos esposos com a verdade do seu amor conjugal"? Quando os seus contemporâneos perguntam a Cristo se seria lícito ao marido repudiar a mulher, Ele responde reportando-se "ao princípio", isto é, aoprojeto original do Criador sobre o matrimônio. Vós também, que enquanto sacerdotes operais em nome de Cristo, deveis mostrar aos esposos que tudo quanto foi ensinado pela Igreja sobre a procriação responsável não é senão o projeto original que o Criador imprimiu na humanidade do homem e da mulher que se casam, e que o Redentor veio para restabelecer. A norma moral ensinada pelaHumanae Vitae e pela Familiaris Consortio é a defesa da verdade inteira do amor conjugal, porquanto exprime as exigências imprescindíveis deste amor.

Estejai certos: quando o vosso ensinamento é fiel ao magistério da Igreja, vós não ensinais algo que o homem e a mulher não possam compreender — inclusive o homem e a mulher de hoje. Esse ensinamento, de fato, que vós fazeis ressoar aos seus ouvidos, já está escrito em seus corações. O homem e a mulher devem ser ajudados a ler profundamente essa "escritura no coração". E o fato de que nesses três dias de estudo vós quisestes descobrir as razões do Magistério da Igreja, não significa porventura que quereis ter sempre mais claras as vias pelas quais conduzir os esposos à verdade profunda de si mesmos e do seu amor conjugal?

3. Reconciliar a consciência humana dos esposos com o Deus da verdade e do amor: a consciência humana dos esposos é verdadeiramente reconciliada quando eles descobrem e acolhem a verdade sobre o seu amor conjugal. De fato, como escreve Santo Agostinho, "beata quippe vita est gaudium de veritate, hoc est enim gaudium de te, qui veritas es — felicidade é gozo da verdade, o que significa gozar de ti, que és a verdade" [2].

Vós bem sabeis que, muitas vezes, a fidelidade por parte dos sacerdotes — digamos até, da própria Igreja — a essa verdade e às normas morais decorrentes (aquelas, quero dizer, ensinadas pela Humanae Vitae e pela Familiaris Consortio) custa muitas vezes um alto preço. Muitas vezes se é ridicularizado, acusado de incompreensão e de dureza, e de muitas outras coisas. É a sorte de todo testemunho da verdade, como bem sabemos. Ouçamos ainda uma página de Santo Agostinho: "No entanto, por que a verdade gera o ódio?", pergunta-se o santo doutor. "De fato", ele responde, "o amor da verdade é tal que os que amam algo diferente querem que aquilo que amam seja a verdade. Como não admitem ser enganados, detestam ser convencidos do seu erro. Assim, odeiam a verdade porque amam aquilo que supõem ser a verdade. Amam-na quando ela brilha, e a odeiam quando ela os repreende." [3]

Com simples e humilde firmeza, portanto, sede fiéis ao magistério da Igreja sobre esse ponto de importância tão decisiva para os destinos do homem.

4. Existe uma dificuldade verdadeira à reconciliação da consciência humana dos esposos com o Deus da verdade e do amor, dificuldade que é de natureza bem diferente desta há pouco indicada.

A reconciliação não acontece se os esposos somente sabem perceber a verdade do seu amor conjugal: é necessário que a sua liberdade se realize diante da verdade. A dificuldade verdadeira é que o coração do homem e da mulher é habitado pela concupiscência; e a concupiscência inclina a liberdade a não se submeter às exigências autênticas do amor conjugal.

Seria um erro gravíssimo concluir disso que a norma ensinada pela Igreja é em si própria apenas um "ideal" que deve posteriormente ser adaptado, proporcionado, graduado — dizem — às concretas possibilidades do homem: segundo um "cálculo dos vários bens em questão". Mas quais são as "concretas possibilidades do homem"? E de que homem se fala? Do homem dominado pela concupiscência ou do homem redimido por Cristo? Pois é disso que se trata: da realidade da redenção de Cristo. 

Cristo nos redimiu! Isso significa que Ele nos deu a possibilidade de realizar toda a verdade do nosso ser; Ele libertou a nossa liberdade do domínio da concupiscência. E se o homem redimido ainda peca, não é devido à imperfeição do ato redentor de Cristo, mas à vontade do homem de furtar-se à graça que brota daquele ato. O mandamento de Deus é certamente proporcionado às capacidades do homem: mas às capacidades do homem a quem foi dado o Espírito Santo; do homem que, no caso de cair no pecado, sempre pode obter o perdão e gozar da presença do Espírito.

A reconciliação da consciência humana dos esposos com o Deus da Verdade e do Amor se dá pela remissão dos pecados — pelo humilde reconhecimento de que não somos adequados e comensurados, por assim dizer, à verdade e às suas exigências —, e não pela orgulhosa redução da verdade e das suas exigências àquilo que nósdecidimos ser verdadeiro e bom. A nossa liberdade está em sermos servos da verdade. Como lemos na Liturgia das Horas de ontem: "Servo fiel é aquele que não espera ouvir de ti o que desejaria ouvir, mas antes deseja aquilo que ouve de ti" [4].

A nossa caridade pastoral para com os esposos consiste em sermos sempre disponíveis a oferecer-lhes o perdão dos pecados, através do sacramento da Penitência, não em diminuirmos aos seus olhos a grandeza e a dignidade do seu amor conjugal.

5. "Abramos sempre mais largamente os olhos — o olhar da alma — para compreender melhor o que significa perdoar os pecados e reconciliar as consciências humanas com o Deus infinitamente santo, com o Deus da verdade e do amor".

É desse olhar profundo de nossa alma sacerdotal que os esposos têm necessidade, que toda a Igreja tem necessidade. Para que os esposos, para que toda a Igreja louve o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, imersa na contemplação daquele amor e daquela verdade com as quais vós reconciliais a consciência humana dos esposos.

Invocando sobre o vosso ministério a confortante efusão dos copiosos dons da sabedoria e da caridade, de coração vos concedo minha bênção apostólica.

Fonte: Santa Sé | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
Santo Agostinho, Confissões X, 23, 33. Trad. port. de Maria L. J. Amarante. São Paulo: Paulus, 1984, p. 292.
Idem.
Santo Agostinho, op. cit., X, 26, 37, p. 295.

Créditos:https://padrepauloricardo.org/blog/nossa-liberdade-esta-em-sermos-servos-da-verdade

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

7 práticas para todo homem de Deus alimentar a sua vida de fé

Em uma ousada tática para trazer os homens de volta à Igreja, o bispo da diocese de Phoenix, nos Estados Unidos, escreveu uma exortação apostólica intitulada Into the Breach ("Na Brecha", lit.). A iniciativa surgiu como uma resposta à desafiante crise que enfrentam a masculinidade e a paternidade em nossos tempos — crise que também já foi objeto de reflexão neste site.
Em um trecho dessa carta, o bispo Thomas Olmsted enumera sete importantes práticas que todo homem de Deus deve cultivar para tomar a sua cruz e seguir o seu Senhor. As cinco primeiras são propostas diariamente; as duas últimas podem ser feitas em um ritmo semanal ou mesmo mensal. O importante é não cruzar os braços, pois "quem não se prepara e não se fortalece para o combate espiritual é incapaz de permanecer 'firme na brecha' por Cristo".
Se os hábitos a seguir ainda não fazem parte da sua vida, comece a pô-los em prática hoje mesmo!

1. Rezar todos os dias

Todo homem católico deve começar o seu dia com oração. Há um ditado que diz: "Até que você se dê conta de que a oração é a coisa mais importante na vida, você nunca terá tempo para rezar". Sem oração, um homem é como um soldado sem comida, sem água e sem munição!
Por isso, reserve algum tempo para falar com Deus como a primeira coisa do seu dia, todas as manhãs. Reze as três orações essenciais da fé católica: o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória.
Reze também em toda refeição. Antes que a comida ou a bebida toque os seus lábios, faça o sinal da cruz, reze a oração do "Abençoai-nos, Senhor" e termine com o sinal da cruz. Faça isso, não importando onde, com quem ou o quanto você esteja comendo. Nunca fique tímido ou com vergonha de rezar durante as refeições. Jamais negue a Cristo a gratidão que Lhe é devida. Rezar como um homem católico antes de cada refeição é uma maneira simples, mas poderosa de manter-se firme na brecha (cf. Ez 22, 30).

2. Fazer um exame de consciência antes de dormir

Reserve alguns minutos para repassar o seu dia, incluindo tanto as graças que você recebeu quanto os pecados que cometeu. Agradeça a Deus pelas bênçãos e peça perdão pelos seus pecados. Depois, faça um ato de contrição.

3. Não deixar de ir à Missa

Ainda que assistir à Missa semanalmente seja um preceito da Igreja, apenas um em cada três homens católicos assistem à Missa todos os domingos. Para um grande número de homens católicos, a sua negligência em assistir à Missa é um pecado grave, um pecado que os coloca em perigo mortal.
A Missa é um refúgio na batalha espiritual, onde os homens católicos encontram o seu Rei, ouvem os Seus comandos e são fortalecidos com o Pão da Vida. Toda Missa é um milagre onde Jesus Cristo está integralmente presente, um milagre que é o ápice não apenas da semana, mas de todas as nossas vidas sobre a terra. Na Missa, um homem agradece a Deus por Suas inúmeras graças e ouve Cristo enviá-lo de volta ao mundo para construir o Reino de Deus. Pais que levam os seus filhos à Missa estão ajudando de uma maneira muito real a assegurar a sua salvação eterna.

4. Ler a Bíblia

Como São Jerônimo mui claramente nos diz: "Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo". Quando lemos a palavra de Deus, Jesus está presente. Homens casados, leiam a Bíblia com suas esposas e com seus filhos. Se os filhos de um homem o vêem lendo as Escrituras, mais eles tendem a permanecer na fé. Meus irmãos em Cristo, isto eu posso assegurar a você: homens que lêem a Bíblia crescem em graça, sabedoria e paz.

5. Guardar o repouso dominical

Desde a criação de Adão e Eva, Deus Pai estabeleceu um ciclo semanal terminando com o repouso sabático. Ele nos deu o "sábado" para assegurar que em um dos sete dias nós Lhe rendêssemos graças, descansássemos e refizéssemos as nossas forças. Nos dez mandamentos, Deus reafirma a importância de guardar o "sábado".
Com o constante bombardeio comercial e barulho dos meios de comunicação hoje em dia, o "sábado" é a trégua de Deus em meio à tempestade. Como homens católicos, vocês devem começar (ou aprofundar) a santificação do "sábado" (que para nós, cristãos, é o dia do Senhor, o Domingo). Se são casados, devem conduzir suas esposas e filhos a fazer o mesmo. Dediquem o dia para o descanso e para uma verdadeira recreação, e evitem todo trabalho desnecessário. Passem o tempo em família, assistam à Missa e aproveitem o presente desse dia.

6. Procurar a Confissão

Bem no início do ministério público de Cristo, Jesus chama todos os homens ao arrependimento. Sem arrependimento dos pecados, não pode haver nenhuma cura ou perdão, e não haverá nada de Céu. Um grande número de homens católicos está em grave risco de morte, devido particularmente aos níveis epidêmicos de consumo de pornografia e do pecado da masturbação.
Meus irmãos, vão se confessar agora mesmo! Nosso Senhor Jesus Cristo é um Rei misericordioso que perdoará aqueles que humildemente confessarem os seus pecados, mas Ele não perdoará aqueles que se negam. Abram as suas almas ao dom da misericórdia do Senhor!

7. Construir fraternidade com outros homens católicos

A amizade católica entre os homens tem um grande impacto em suas vidas de fé. Homens que possuem laços de fraternidade com outros homens católicos rezam mais, vão à Missa e à Confissão mais frequentemente, lêem as Escrituras com mais regularidade e são mais ativos na fé.
O livro dos Provérbios nos diz que "o ferro com o ferro se aguça, e o homem aguça o homem" ( Pr27, 17). Conclamo a cada um de nossos padres e diáconos a reunir os homens em suas paróquias e começar a reconstruir uma fraternidade católica vibrante e transformadora. Conclamo os leigos a formarem pequenos grupos de amizade para apoio mútuo e crescimento na fé. Nenhuma amizade pode ser comparada a um amigo em Cristo.
Fonte: Into the Breach | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere
Créditos: padrepauloricardo.org

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O que Chesterton diria sobre o “casamento gay”?

Por Dale Ahlquist | Tradução: Equipe CNP — Um dos temas prementes na época de Chesterton era o "controle de natalidade". Ele não fazia objeção apenas à ideia, mas ao próprio termo, porque significava o oposto do que queria dizer. Não significava nem natalidade, nem controle. Posso supor que ele teria as mesmas objeções contra o "casamento gay". Não só a ideia, como também o nome está errado: o "casamento gay" não é gay, no sentido original do termo [1], nem é casamento.

Chesterton era sempre sensato em seus pronunciamentos e profecias porque entendia que qualquer coisa que atacasse a família era ruim para a sociedade. Foi por isso que ele falou contra a eugenia e a contracepção, contra o divórcio e o "amor livre" (outro termo que ele rejeitava por sua falsidade), mas também contra a escravidão assalariada e a educação estatal compulsória, com mães contratando outras pessoas para fazer o que elas foram designadas para fazer por si mesmas. É seguro dizer que Chesterton se levantou contra toda moda e tendência que hoje nos aflige porque cada uma dessas modas e tendências minava a família. Um Estado intervencionista (Big Government) tenta substituir a autoridade da família, e um Mercado dominador (Big Business) tenta substituir a sua autonomia. Há uma constante pressão comercial e cultural sobre o pai, a mãe e os filhos. Eles são minimizados, marginalizados e, sim, ridicularizados. Mas, como diz Chesterton, "esse triângulo de truísmos — pai, mãe e filho — não pode ser destruído; só se destroem as civilizações que o desprezam" [2].

A legalização das uniões homossexuais não é nem o último nem o pior ataque à família, mas tem um valor impressivo, apesar do processo de dessensibilização em que nos colocaram as indústrias de informação e entretenimento ao longo dos últimos anos. Quem tenta protestar contra a normalização do anormal é recebido "ou com ataques ou com o silêncio" — assim como Chesterton, quando ele tentou argumentar contra as novas filosofias promovidas pela maior parte dos jornais de sua época. Em 1926, ele alertou: "A próxima grande heresia será um ataque à moralidade, especialmente à moral sexual" [3]. Seu aviso passou desapercebido, enquanto a moral sexual decaía progressivamente. Mas vamos nos lembrar que tudo começou com o controle da natalidade, que é uma tentativa de viver o sexo por ele mesmo, transformando um ato de amor em um ato de egoísmo. A promoção e a aceitação do sexo sem vida, estéril e egoísta evoluiu, logicamente, para a homossexualidade.

Chesterton mostra que o problema da homossexualidade como inimiga da civilização é bem antigo. Em O Homem Eterno, ele descreve que o culto à natureza e a "simples mitologia" produziram uma perversão entre os gregos. "Da mesma forma que eles se tornaram inaturais adorando a natureza, assim eles de fato se tornaram efeminados adorando o homem". Qualquer jovem, ele diz, "que teve a sorte de crescer de modo sensato e simples" sente um repúdio natural pela homossexualidade porque "ela não é verdadeira nem para a natureza humana, nem para o senso comum". Ele argumenta que, se tentarmos agir indiferentemente em relação a ela, estaremos nos enganando a nós mesmos. É "a ilusão da familiaridade" quando "uma perversão se torna uma convenção" [4].

Em Hereges, Chesterton quase faz uma profecia sobre o abuso da palavra "gay". Ele escreve sobre a "poderosa e infeliz filosofia de Oscar Wilde", "a religião do carpe diem". Carpe diem significa "aproveite o dia", faça o que quiser, sem pensar nas consequências, viva apenas pelo momento. "No entanto, a religião do carpe diem não é a religião das pessoas felizes, mas a das absolutamente infelizes" [5]. Há um desespero bem como um infortúnio ligado a isso. Quando o sexo é apenas um prazer momentâneo, quando não oferece nada além de si mesmo, ele não traz nenhuma satisfação. É literalmente sem vida. E, como Chesterton escreve em seu livro São Francisco de Assis,"no momento em que o sexo deixa de ser um servo, ele se torna um tirano" [6]. Essa é talvez a mais profunda análise do problema dos homossexuais: eles são escravos do sexo. Estão tentando "perverter o futuro e desfazer o passado". Eles precisam ser libertados.

O pecado tem consequências. Ainda assim, Chesterton sempre sustenta que devemos condenar o pecado, não o pecador. E ninguém mostra mais compaixão pelos decaídos do que ele. Sobre Oscar Wilde, que ele chama de "o chefe dos decadentes" [7], Chesterton diz que ele cometeu um "erro monstruoso", mas também sofreu monstruosamente por isso, indo para uma terrível prisão, onde ele foi esquecido por todas as pessoas que antes tinham brindado a sua rebeldia impulsiva. "A vida dele foi completa, naquele sentido inspirador em que a minha vida e a sua são incompletas, já que nós ainda não pagamos por nossos pecados. Nesse sentido, podemos chamar a vida dele de perfeita, assim como falamos de uma equação perfeita, que é neutralizada. De um lado, nós temos o saudável horror ao mal; de outro, o saudável horror à punição" [8].

Chesterton se referia ao comportamento homossexual de Wilde como um pecado "altamente civilizado", por ser uma das piores aflições entre as classes ricas e ilustradas. Era um pecado ao qual Chesterton nunca havia sido tentado, e ele diz que não é uma grande virtude nunca termos cometido um pecado ao qual não fomos tentados. Outra razão pela qual devemos tratar nossos irmãos e irmãs homossexuais com compaixão. Nós conhecemos nossos próprios pecados e fraquezas o suficiente. Fílon de Alexandria dizia: "Seja gentil, pois todos à sua volta estão lutando uma batalha terrível".

Compaixão, contudo, não significa jamais compromisso com o mal. Chesterton ressalta aquele equilíbrio pelo qual nossa verdade não deve ser desprovida de piedade, nem a nossa compaixão deve ser separada da verdade. A homossexualidade é uma desordem. É contrária à ordem. Os atos homossexuais são pecaminosos, ou seja, são contrários à ordem de Deus. Eles jamais poderão ser normais. Pior ainda, jamais sequer poderão ser vividos normalmente. Como diz o grande detetive Padre Brown: "Os homens até podem se manter em um nível razoável de bondade, mas ninguém jamais foi capaz de permanecer em um nível de maldade. Essa estrada conduz ao fundo do abismo" [9].

O matrimônio é entre um homem e uma mulher. Essa é a ordem. E a Igreja Católica ensina que essa é uma ordem sacramental, com implicações divinas. O mundo tem feito uma sátira do casamento que agora culminou com as uniões homossexuais. Mas foram os homens e as mulheres heterossexuais que pavimentaram o caminho para essa decadência. O divórcio, que é algo anormal, é agora tratado como normal. A contracepção, outra coisa anormal, é agora tratada como normal. O aborto ainda não é normal, ainda que seja legal [10]. Legalizar o "casamento" homossexual não o tornará normal, só vai aumentar ainda mais a confusão dos tempos e a decadência da nossa civilização. Mas a profecia de Chesterton permanece: não seremos capazes de destruir a família. Ao desprezá-la, o que vamos fazer é simplesmente destruir-nos a nós mesmos.

Fonte: Crisis Magazine | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere
Notas e referências
Antes de significar "homossexual", a palavra inglesa gay remetia simplesmente à ideia de alegria e despreocupação.
CHESTERTON, G. K. The Superstition of Divorce. London: Chatto & Windus, 1920, p. 63.
______. The Next Heresy. In: The Chesterton Review 26 (3), p. 295-298 (2000).
______. O Homem Eterno (trad. de Almiro Pisetta). São Paulo: Mundo Cristão, 2010, p. 164-165.
______. Hereges (trad. de Antônio Emílio Angueth de Araújo). 3. ed. Campinas: Ecclesiae, 2012, p. 119.
______. Saint Francis of Assisi. London: Hodder and Stoughton, 1923, p. 30.
______. The Victorian Age in Literature. London: Williams and Norgate, 1913, p. 226.
______. Oscar Wilde. In: On Lying in Bed and Other Essays. Calgary: Bayeux Arts, 2000, p. 248.
______. The Flying Stars. In: A Inocência do Padre Brown. Porto Alegre: L&PM, 2011.
Nos Estados Unidos, o aborto é legalizado desde a famosa decisão Roe vs. Wade, de 1973.

Créditos: Site Padre Paulo Ricardo

Cardeal Sarah: Ideologia de gênero é mortal e demoníaca


Cardeal Robert Sarah. Crédito: Sabrina Fusco (ACI Prensa)

WASHINGTON DC, 19 Mai. 16 / 06:00 pm (ACI).- O Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos no Vaticano, Cardeal Robert Sarah, afirmou que a ideologia de gênero é “demoníaca” e um “impulso mortal” que ataca as famílias.
Assim o indicou o Cardeal africano em sua intervenção no tradicional ‘National Catholic Prayer Breakfast’, em Washington (Estados Unidos), no qual se reuniram diversos líderes do país para tratar diversos temas de grande importância.
Em sua exposição, o Cardeal disse que em nenhum lugar a perseguição religiosa é “mais clara que na ameaça das sociedades contra as famílias através da uma demoníaca ideologia de gênero, um impulso mortal que se experimenta em um mundo no qual extirpa cada vez mais Deus através da colonização ideológica” denunciada em distintas ocasiões pelo Papa Francisco.
O Prefeito disse ainda que defender a família é uma tarefa fundamental na sociedade atual: “Não é uma guerra ideológica. Trata-se na verdade de defender-nos a nós mesmos, os nossos filhos e as gerações futuras ante uma ideologia demoníaca (a ideologia de gênero), a qual afirma que as crianças não necessitam mães e pais. Ela nega a natureza humana e quer extirpar Deus de gerações inteiras”.
“A ruptura das relações fundamentais na vida da pessoa – por meio da separação, do divórcio ou das imposições distorcidas da família como a convivência e as uniões do mesmo sexo – é uma ferida profunda que fecha o coração ao amor que se entrega até a morte e que leva ao cinismo e à desesperança”.
Estas situações, continuou o Cardeal, “prejudicam as crianças pequenas ao deixá-las com uma dúvida existencial profunda sobre o amor. São um escândalo e um obstáculo, que faz com que os mais vulneráveis não acreditem em tal amor, e um peso, que esmaga e que pode impedir que se abram ao poder de cura do Evangelho”.
Em meio a tudo isto, disse o Cardeal africano, a Igreja e o Papa Francisco tentam combater a globalização da indiferença.
“Por esta razão o Santo Padre, aberta e vigorosamente, defende o ensinamento da Igreja sobre a anticoncepção, o aborto, a homossexualidade, as tecnologias reprodutivas, a educação das crianças e muitos outros”, indicou o Cardeal.
Atualmente, continuou o Cardeal Sarah, “a violência contra os cristãos não é somente física” como a que sofrem os fiéis do Oriente Médio nas mãos do Estado Islâmico, “mas também política, ideológica e cultural”.
“Esta forma de perseguição religiosa é tão ou mais prejudicial, mas é mais escondida. Não destrói fisicamente, mas espiritualmente”, precisou.
Por isso, o Cardeal disse que atualmente e “em nome da ‘tolerância’ os ensinamentos da Igreja sobre o matrimônio, a sexualidade e a pessoa humana estão sendo desmanteladas” e criticou a legalização das uniões de mesmo sexo, o mandato abortista da administração Obama e as leis que permitem o acesso aos banheiros de acordo com a chamada “identidade de gênero”.
Em seguida, o Cardeal se dirigiu aos participantes do ‘National Catholic Prayer Breakfast’ ressaltando que chegou aos Estados Unidos para “encorajá-los a ser proféticos, fiéis e sobretudo a fim de que rezem”.
“Estas três sugestões – prosseguiu – demonstram que a batalha pela alma da América e a alma do mundo é basicamente espiritual. Mostram que a batalha briga primeiro com nossa própria conversão a Deus a cada dia”.
É importante para esta missão, continuou, um grande discernimento a respeito de como “em suas vidas, em seus lares, em seus locais de trabalho, em sua nação, Deus está sendo reduzido, eclipsado e liquidado”.
Recordando o título do seu livro, o Cardeal concluiu: “ao final, é Deus ou nada”.
“Dieu ou rien” (Deus ou nada) é o nome do livro no qual aparece a extensa entrevista realizada pelo jornalista francês Nicolas Diat ao Cardeal Sarah. Este homem de imprensa também escreveu um livro sobre Bento XVI.
Os temas do livro são variados e não excluem alguns polêmicos como os abusos sexuais de alguns membros do clero e a enérgica e decisiva reação de João Paulo II, Bento XVI e Francisco com sua política de tolerância zero; além das grandes perguntas do mundo pós-moderno que vive longe de Deus.
O Cardeal Sarah foi ordenado sacerdote em 1969 e foi consagrado bispo em 1979, tornando-se o bispo mais jovem do mundo.
Em 2001, foi convocado a Roma pelo Papa João Paulo II para servir como Secretário da Evangelização dos Povos.

Bento XVI o escolheu como presidente do Pontifício Conselho Cor Unum em 2010 e em 2014 o Papa Francisco o nomeou Presidente do dicastério vaticano que é responsável pela liturgia.

Fonte: ACI Digital

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

A castidade de D. Sebastião, Rei de Portugal



Sua alma cada vez mais se esmaltava de intenções formosas, e seu corpo vestia-se de castidade. Não deixava que nenhuma dama lhe tocasse, e quando passeava a cavalo pela Rua Nova, ou pelas betesgas da velha e mourisca Lisboa, jamais levantava os olhos para as donzelas que chegavam às ventanas ou curiosamente espreitavam por detrás das verdes adufas árabes.

Era que seu espírito, vivendo exclusivamente para o catolicismo e para a guerra, queria servir estas ideias com alma pura e corpo casto.

Uma manhã, na igreja de São Roque, confessado e comungado, recolheu-se todo em si, cabeça inclinada para o peito, em profunda absorção. Esteve assim muito tempo. Depois, ergueu a fronte, pôs firme os olhos num crucifixo alto e, entre grossas lágrimas, rogou com a alma inteira:

– Senhor, Vós que a tantos príncipes haveis concedido impérios e monarquias, concedei-me ser vosso capitão!

Eram três as suas orações diárias: – Que Deus o inflamasse no zelo da fé, que ele queria propagar pelo mundo; – que Deus o tornasse um ardido guerreiro; – que Deus o conservasse casto.

Ser casto! Para ele a castidade era uma graça física que o tornava forte, uma fortaleza que o fazia ledo. A castidade dilatava-lhe a alma, amando a todos – ao reino, à grei. Era uma pureza que, vivendo em si, marcava conceito nobre em todos os seus propósitos, lhe punha frescor no olhar e lhe brunia as faces com sorrisos brancos. Ser casto era vestir um arnês de candura.''


Antero de Figueiredo in 'D. Sebastião, Rei de Portugal' (Livrarias Aillaud e Bertrand, Lisboa, 1924)Créditos: Senza Pagare

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A castidade não é uma repressão - Padre Paulo Ricardo


Para muita gente, ser casto é o mesmo que ser um reprimido ou um “quadrado” moralista que receia dar vazão a seus desejos. No entanto, é justamente a pureza de corpo e alma que nos permite amar com sinceridade e sermos sinceramente amados.
 

Por Equipe Christo Nihil Praeponere (padrepauloricardo.org)

sábado, 10 de setembro de 2016

Sinais de Vocação


1.Insatisfação pelas coisas do mundo

As riquezas e as honras são, para quem foi eleito por Deus, coisas vazias e sem sentido; as saídas já não têm muito sentido, não o atraem, em troca cresce o estado de “busca”. Quem está neste estado deseja encontrar “algo” que ainda não se sabe o que é, embora sim saiba o que NÃO é.
Agora bem, como saber se está frente a uma verdadeira vocação ou simplesmente a uma ideia passageira?
Há quem pede pouquíssimo. O P. Lessio[1], um jesuíta com grande experiência no tema, diz que “se alguém chegar à determinação de abraçar a religião e está resolvido a observar as regras e suas obrigações, não há dúvida que essa resolução, essa vocação, vem de Deus; não importa que circunstâncias a tenham produzido”. Por sua parte, São Francisco de Sales afirmava sempre que não importa como se comece desde que se esteja determinado a perseverar e terminar bem.
Santo Tomas de Aquino chega a afirmar que é tão alta a vocação ao sacerdócio ou à vida religiosa que “seja quem fosse o que sugere o propósito de entrar na religião, sempre este propósito vem de Deus”[2].

2. Temor de se condenar se continuar vivendo no mundo.

Percebem-se os perigos que há nele, que são muitos e muito variados; tem-se em grande consideração a salvação eterna e, por isso, a alma se inclina à vida religiosa ou sacerdotal. O diabo jamais inspiraria isto.

3. Forte desejo de levar uma vida de pureza.

“Bem-aventurados os puros de coração porque eles verão a Deus” (Mt,5,8).
Quando se lê algo relativo à castidade, quando se conversa sobre a pureza, quando se escutam sermões, bate-papos etc., que falam dela, elogiam-na, sente-se no coração um especial atrativo para viver conforme a esse ideal. O demônio é inimigo da pureza; acérrimo inimigo da Puríssima Virgem Maria.

4. Desejar ter a vocação.

O só o fato de pensar nela como algo que Deus pode me dar, é um grande indício de vocação.

5. Consciência da vaidade e da fugacidade das coisas do mundo.

“Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Ecl 1,2).
Deus mostra à pessoa que esta vida passa como um sopro e que os verdadeiros valores são os eternos. No fundo de toda autêntica vocação subjaza a ideia de eternidade: Bom Mestre, o que tenho que fazer para herdar a vida eterna? (Mc 10, 17).
 
6. Atração pela oração e pelas coisas espirituais.

Quem começa a levar a sério a vocação, tem normalmente um desejo inexprimível de sentir-se unido com Deus, de conversar com Ele, de rezar. Deseja estar sozinho, escondido do mundo para atrair o mundo para Deus… Têm-se desejos rezar, de aproveitar realmente o tempo e fazer penitencia pelos pecados do mundo…
Na oração conversamos com quem sabemos que nos ama, procuramos intimidade com Ele.

7. Disposição à entrega, ao sacrifício, ao esforço para ajudar espiritualmente aos outros.

O amor, com amor se paga.
Nosso Senhor Jesus Cristo nos amando primeiro nos deu exemplo de como amar.
– “O que tenho feito por Cristo, o que faço por Cristo, o que devo fazer por Cristo?” – repetia-se São Inácio de Loyola.
O pensamento de tantos pecados e de tanta ingratidão para com Deus da parte dos homens faz-lhes sentir o dever de sofrer e sacrificar-se para assemelhar-se a Jesus.
Deseja reparar ao Sagrado Coração pelas ofensas que de contínuo recebe dos homens. “Este é um dos sinais mais sólidos e seguros de vocação, e temos que apresentar a vida religiosa tal como ela é na realidade, ou seja, vida de renúncia e de sacrifício. É inútil procurar mitigar este lado incômodo da vida religiosa. Não seria sincero e, por tanto, esconderíamos o que a vida religiosa tem de mais atraente”[3]. Em definitivo, é apaixonar-se pela cruz e por quem quis morrer nela para redimir a todos os homens.

8. Espírito de generosidade para com Deus

Outro sinal é o não estar nunca satisfeito com o que fazemos Por Deus, não dizer nunca “basta”, querer fazer sempre mais por Deus e pelo nosso próximo.
Se um jovem começar a experimentar certa inquietação, uma Santa impaciência por fazer sempre mais pela causa de Deus. Estamos frente a um amor genuíno para com Jesus, frente à compreensão prática do que Ele tem feito por nós, e do pouco que fazemos por Ele.

9. Horror ao pecado.

Horror que leva o jovem a lutar contra o pecado em si e nos demais, se trata de um medo saudável em relação ao pecado.
Quem anda por estes caminhos considera suas faltas como o verdadeiro e único mal da alma, ao mesmo tempo em que vê inundar-se uma parte do mundo em uma grande corrupção e ruína espiritual.
É certo que todo cristão deve ter horror pelo pecado, mas referimos a um desejo de perfeição muito mais forte, desejo não só de não pecar, mas também de fazer com que o mundo não peque, de pedir pelos pecadores, de perdoá-los, de serem testemunhas e co-participantes da misericórdia divina, como dizia o Apóstolo: “Revesti-vos… as entranhas de misericórdia” (Col 3,12).

10. Desejo de consagrar a vida pela conversão de uma pessoa querida e, também, pelo resto dos homens.

11. Temor de ter vocação.

Segundo São Alberto Hurtado pode ser sinal de vocação o mesmo temor de que Deus queira chamá-lo à vida religiosa.
Às vezes se tem medo da vocação, tira-se todo pensamento sobre essa matéria, o qual volta com insistência, e até se reza para não tê-la! “Que Deus tenha longe de mim semelhante convite, o qual destruiria tantos castelos idealizados e acariciados”.
Acontece que o demônio pode conjeturar com certa probabilidade que, se chegassem a serem sacerdotes ou religiosos, fariam muitíssimo bem, e por isso procura pôr em seus corações esses temores infundados para afastá-los do caminho que seria sua salvação e a de tantas almas.

12. Zelo pelas almas

O Desejo de ir missionar para salvar almas, vendo que tantas não escutaram ainda o Evangelho de Nosso Senhor e, portanto, não recebeu os meios ordinários de salvação.
Ante esta realidade, muitos ficam frios, como se fosse algo que não lhes tocasse, entretanto, outros parecem ter como uma obrigação; sentem que devem fazer algo para ajudar, que não podem permanecer tranquilamente em suas casas. Algumas vezes esse pensamento se volta até uma fixação e os persegue. “Alguém tem que fazer algo!!!”

13. Desejar a vida sacerdotal ou religiosa

“Olhem como se amam!” diziam os pagãos dos primeiros cristãos. É esse amor e essa entrega por Cristo o que muitas vezes leva a fazer suspirar por levar uma vida similar.
É importante ter em conta que o que mencionamos aqui é simplesmente “sinais da vocação”, quer dizer, não significa que quem as tenha, possua tudo o que se requer para poder deduzir a presença de um verdadeiro chamado, a não ser que algum ou alguns desses “sinais” possuem já um fundamento certo de que alguém pode ter sido escolhido por Deus.
Há quem nunca tenha sentido nada disto e de todos os modos entendem claramente que devem ser religiosos ou religiosas, e isto porque Deus se manifestou de algum modo diverso. Ele é o único médico das almas e dono de tudo, por isso não há regras ou métodos que valham no momento de comunicar uma graça tão grande como é a da vocação.

[1] Cfr. Emvin Busuttil, SJ, As vocações: encontrá-las, examiná-las, prová-las, Bilbao 1961,127.
[2] Tomás de Aquino, Contra retrahentes, 10, ad 4.
[3] Emvin Busuttil, SJ, As vocações: encontrá-las, examiná-las, prová-las, Bilbao 1961.
 
Fonte: http://verboencarnadobrasil.org


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O corpo bem adestrado - Tihamer Toth


Não duvido que tenhas mais de um vez ouvido a frase que nos vem da antiguidade: “Mens Sana in corpore sano”. Quisera fazer-te notar a este respeito que, não somente o corpo são e bem adestrado é precioso auxiliar que nos ajuda a bem cumprir nossa missão neste mundo, mas também que a alma jovem dispõe-se com maior facilidade a se transformar num caráter e a permanecer firme num corpo bem aguerrido, bem exercitado, bem destro, do que num montão de carne gorda, mole e preguiçosa. Faz exercício de ginástica e de trabalho físico todos os dias, mormente nos anos de adolescência, a partir dos 13 ou 14 anos; é ainda um bom meio para conseguir assegurar a pureza de alma. O jovem que cuida todos os dias de fadigar não somente o espírito, mas também o corpo, estará muito menos exposto às tentações do que o moço ocioso e indolente. O corpo amimado, afagado e farto de gulodices embriaga-se com a sua importância: nada mais natural. Quer ser o senhor, quer reinar, torna-se exigente e, golpe sobre golpe, envia o assalto e artilharia das tentações sensuais contra a pobre alma.

O corpo é inimigo em nossa própria casa: sempre pronto ao mal, cheio de displicência pelo bem. Contudo, se tomares cuidado de bem exercitar, de disciplinar, de domar em todos os sentidos esse lobo esfaimado _ numa palavra, se o obrigares a fazer um bom exercício de ginástica todos os dias, _ verás que ele desiste de suas pretensões impudentes.

Ensina-nos a história que as nações sadias e fortes sempre ligaram importância especial ao adestramento físico dos seus cidadãos. Onde quer que a têmpera viril deu lugar à moleza efeminada, arrastou sempre após si a decadência, _ a decadência da saúde como a da cultura.

Mas que é precisamente o adestramento viril?

É essa capacidade do corpo que permite suportar, sem dano para a saúde, impressões, estímulos e golpes muito fortes, e sobretudo postos. Essa qualidade evidencia-se sobretudo em face das mudanças de tempo e de temperatura. O homem de saúde perfeita pode sair dum quarto quente para o ar frio sem se resfriar. Suporta sem dano o vento, o nevoeiro, a umidade, assim como o sol de verão. Seus vasos sanguíneos contraem-se e se dilatam conforme a necessidade, levam mais ou menos sangue às diversas partes do corpo e, desse modo, permitem que se conserve sempre o calor natural do organismo. O calor natural do corpo jovem e bem adestrado preserva melhor do resfriado, do que um agasalho.

Um homem bem exercitado sabe também curtir melhor a fome, a sede e a fadiga. O jovem exercitado sabe sorrir apesar duma dor de dentes desagradável, não se deixa abater pela fadiga ou por uma leve indisposição. Não conhece o medo, não é guloso, não faz de preguiçoso na cama de manhã, sabe sempre conservar o corpo sob o domínio da alma. (...)
Grifos do blog.



Livro: O môço educado
Autor: Dom Tihamer Toth
Parte I – O jovem bem educado
O corpo adestrado
Páginas: 67-68
Editora Vozes LTDA.- Petrópolis RJ
IV Edição - 1960
IMPRIMATUR por Comissão Especial do Exmo. e Revmo. Sr. Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra, Bispo de Petrópolis. Frei Desidério Kalverkamp, O.F.M. Petrópolis, 21- XII-1959 
 
Fonte: Modéstia Masculina

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Lei do Sacrifício - Fulton Sheen



Nem todas as tendências dentro de nós são boas, de forma a poderem levar-nos a excessos. As três tendências básicas dentro de nós dizem respeito ao espírito, ao corpo e às coisas. O instinto que pede aumento de conhecimentos pode transformar-se em orgulho e a liberdade em licença. O instinto da carne e da propagação pode transformar-se em sensualidade invulgar. O instinto, ávido de posse, pode vir a ser avareza e exagero de gula. Se deixarmos à solta estes ímpetos, sem disciplina, serão como o potro por treinar ou cão que não foi habituado à casa.

Há ainda outra razão para disciplina: é que existe em nós uma dupla lei de gravidade: uma, a lei espiritual impele-nos para Deus, nosso Criador; a outra, resultado da herança do pecado, é a lei que nos empurra para baixo, para a Matéria. Todas as pessoas se transformam, de acordo com o que amam. Se a criatura ama o espírito, espiritualiza-se. Se ama a carne, materializa-se. As duas leis da gravitação podem ser comparadas a uma encosta. Se o homem sobe por meio do seu esforço e autodomínio, obedece à primeira lei. A segunda é o precipício, onde se cai fatalmente sem energias defensivas.

No egoísmo, o ego é centro de tensão, preocupação e satisfação, enquanto que aos outros se oferece a circunferência. De forma a podermos desenraizar o eu, e colocá-lo na circunferência, de forma a levar-mos uma vida consagrada toda ao sacrifício, os outros têm de ser localizados no centro. Para isto, porém, é necessário domesticar os impulsos errantes, matar em nós toda a tendência para o que é baixo, por vezes disciplinar até as mais legítimas satisfações. A vida pode então atingir um ponto em que, em vez de serem os outros o centro, é Deus que começa a sê-lo. Nesta altura, o ser humano começa a ser utilizado pelo Omnipotente como instrumento Seu. Assim como um lápis escreve seja o que for que a pessoa dita, assim a pessoa inteiramente consagrada a Deus é instrumento do poder divino. Se o lápis se voltasse contra a mão que o segura, a sua eficácia correria perigo. As obras máximas na terra são executadas por aqueles que totalmente se entregam à vontade de Deus, em sacrifício absoluto, de forma que nos seus pensamentos, palavras e acções só o poder divino se manifesta.

O desejo de erguer-se a alguma coisa de superior acaba por dar a morte a tudo que é inferior. Se as cordas de um violino pudessem ser conscientes, no momento em que o violinista as repuxa, gritariam de dor e agonia em protesto vibrante. Então o violinista teria de lhes assegurar que só submetendo-se a esta disciplina momentânea poderiam executar as mais belas melodias escondidas dentro delas. Se a um bloco de mármore fosse concedida consciência, gritaria de angústia ao ver aproximar-se o escultor com martelo e cinzel. Escondida dentro de cada bloco de mármore existe uma imagem, mas, precisamente como é impossível fazer surgir essa imagem sem retalhar, matar e sacrificar, assim é impossível ver aparecer a Divina Imagem, oculta em cada um de nós, sem ser à custa de cortes e mortificações. Tal como uma árvore dá melhor fruto depois de podada, assim a criatura produz mais e melhor se nela vier esculpir-se a cruz. O solo no outono e no inverno fica coberto de folhas podres, hastes e raízes, mas tudo isto produz o que é conhecido como húmus, ou antes matéria que vivifica a terra.Graças a esta morte, salpicando o chão, novas folhas, novas raízes, novas hastes surgem, cada vez em maior abundância. Como Francisco Thompson disse:

‘Nada começa e nada acaba
Sem seu preço de sofrimento.
Todos nós nascemos da dor alheia,
E morremos na angústia só nossa. ’

Muita gente vive abaixo do normal; se soubessem, se fossem assaz fortes para viver segundo a lei do sacrifício, começariam a exercer um autodomínio e, tornando-se senhores, capitães do próprio destino,achariam aquela paz que ultrapassa todo entendimento.


SHEEN, Fulton. A Vida Faz Pensar. Trad.: Maria Henriques Osswald. Porto: Editora Educação Nacional, 1956. 280 pg.

Fonte: Modéstia Masculina
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