sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A devoção mariana de São Luís Orione


A presença de Nossa Senhora, a Santa Madonna, como Dom Orione carinhosamente a chamava, iluminou suas horas de alegria, foi um bálsamo e conforto para as feridas do seu coração e de seu contexto. Ele consagrou toda a sua vida a difundir a devoção a ela, introduzindo suavemente o amor a Maria em seu coração e nos corações daqueles que dele se aproximavam. Recomendava aos jovens que rezassem pelo menos uma Ave-Maria, ao iniciar qualquer atividade mais importante, de manhã ao acordar e de noite ao se deitar, e, sobretudo, quando fossem se confessar. Quando alguém vinha falar com ele, contando alguma situação difícil e aparentemente sem saída, ele atalhava logo com a frase: “ajoelhe-se, vamos rezar uma Ave-Maria e Você vai ver como tudo vai se resolver bem depressa”. E fosse quem fosse conquistado pela força serena do coração de Dom Orione, rezava junto com ele a Ave-Maria, e a tempestade passava.

Dom Orione costumava dizer que um pouco de devoção a Nossa Senhora sempre existe, mesmo nos corações afastados de Deus. E apontava o poeta Carducci, conhecido por todos como ímpio e sem fé e que publicou blasfêmias e escritos vulgares contra Deus e a Igreja, mas que teve para com Nossa Senhora sentimentos e expressões de delicada poesia.

Por isso, com toda tranqüilidade, convidava as pessoas a invocarem Nossa Senhora, mesmo em ambientes nada devotos, onde se reunissem pessoas de condições variadas e personagens das mais diferentes qualificações. Foi assim, em Novi, na sala de reuniões da administração municipal, onde se encontravam altos funcionários e Dom Orione, para a assinatura do contrato de aluguel do colégio San Giorgio. Era um momento solene, recorda o Pe. Piccinini, Dom Orione se levantou, preparava-se para pôr sua assinatura, mas dirigiu-se antes às autoridades presentes, dizendo: “Sou um pobre padre, um trapo nas mãos de Deus, incapaz de fazer coisa alguma, sem a ajuda de Deus. Permiti que eu invocasse a ajuda de Nossa Senhora das Dores, a Padroeira da vossa cidade, antes de assinar este termo de compromisso; os vossos antecessores puseram as chaves de prata da vossa cidade nas mãos dela”. E, dizendo isso, começou a Ave-Maria; todos, contagiados pela devoção de Dom Orione, se levantaram e acompanharam a reza. Só então Dom Orione acrescentou: “Agora, sim!” E assinou tranquilamente o compromisso de pagamento.

Várias imagens de Nossa Senhora se conservam nas casas da Congregação e recordam momentos difíceis de nossa caminhada. Uma delas é a pequena imagem da Imaculada Conceição, aquela em cujas mãos Dom Orione colocou as chaves do primeiro Oratório, fechado por ordens superiores. Outra é a imagem de madeira, representando Nossa Senhora da Divina Providência, famosa por ter sido salva das chamas de um incêndio, pelo próprio Dom Orione, que nessa ocasião, sofreu queimaduras nos braços.

Não será possível recordar todas as muitas manifestações de piedade mariana do Fundador. Dom Orione foi um promotor de romarias a muitos santuários marianos, especialmente ao santuário de Nossa Senhora da Guarda no Monte Ficogna, em Genova, aos santuários de Caravaggio, de Loreto, de Genazano, de Nossa Senhora Auxiliadora em Turim e de Nossa Senhora do Rosário em Pompéia.

Sobre Nossa Senhora ele falava sempre em suas pregações e o seu conselho mais repetido era: “Ave, Maria e avante!”

Com o passar dos anos sua devoção se tornou mais rica de conteúdos e de iniciativas, sem perder nada da simplicidade e fragrância primitiva.

Desde os tempos da infância e de quando era ainda seminarista, ele costumava levar os meninos e alunos ao Monte Spineto, onde havia um santuário dedicado a Nossa Senhora. Cada passo da subida exprimia a ascensão de seu espírito em direção às alturas da fé, tanto quando acompanhava multidões no meio de cânticos, tochas e velas, como quando subia sozinho, recolhido em piedoso silêncio, recordando as estações da Via Sacra.

Mais tarde, depois de ordenado padre, por ocasião de peregrinações tradicionais, a presença de Dom Orione era certeza de grande participação popular e de explosões de fervor. Ele sabia incentivar os sentimentos até o entusiasmo e sabia provocar os espaços de silêncio, de meditação e de recolhimento interior.

E quando todos tivessem chegado ao santuário, Dom Orione organizava os atos de devoção e, muito especialmente cuidava de predispor os fiéis à participação nos sacramentos da confissão e da comunhão.

Nos anos tristes da primeira guerra mundial Dom Orione passou a cuidar das celebrações dos domingos e dias de novena e na capelinha do bairro de São Bernardino na periferia de Tortona. La quase sozinho, ou acompanhado de um único coroinha; seus clérigos, quase todos, tinham sido convocados pelo exército. Tocava os sinos e apareciam algumas poucas mulheres, na maioria, lavadeiras; chegavam também crianças. Rezavam o terço, havia pregação e, conforme o dia, algum tipo de celebração. O ambiente de periferia era pesado; havia anarquistas, socialistas exaltados, anticlericais e Dom Orione não deixou de enfrentar provocações e de receber injúrias e algumas pedradas.

Ele, no entanto, perseverou. Havia acendido ali, com a ajuda de Nossa Senhora, uma pequena luz e esperava vê-la crescer, quem sabe, até se tornar um grande farol de fé e de devoção mariana.

Entretanto, convidava aquele pequeno grupo de mulheres e crianças a rezar pelos parentes nas frontes de batalha e, sobretudo, pela paz.

No dia 29 de agosto de 1918 Dom Orione, acompanhando o grupo dos seus fiéis daquela capelinha, colocou diante do altar um quadro com os nomes dos combatentes de São Bernardino, rezaram pela paz e, em nome do povo do bairro, fizeram um voto de erigir ali um grande e belo santuário em honra de Nossa Senhora da Guarda, pedindo que a guerra terminasse quanto antes.

Um ano depois, a guerra já terminara e organizaram a primeira procissão de Nossa Senhora da Guarda. O número de devotos na procissão foi grande e, a capelinha não bastava mais para tantos fiéis que vinham às celebrações.

E, 1926, o Cardeal Carlos Perosi veio a São Bernardino benzer a primeira pedra do santuário a ser ali erigido. Iniciou-se a construção e o santuário com suas doze colunas de mármore foi-se erguendo majestoso.

Comemorando o XV aniversário do Concílio de Éfeso, no dia 29 de agosto de 1931, o santuário de Nossa Senhora da Guarda foi abençoado pelo Bispo de Tortona, Dom Grassi. Dom Orione, quis honrar a data com o lançamento da Revista bimestral Mater Dei, rica de ilustrações e artigos de grandes Teólogos, que teve ampla difusão em toda a Itália.

Dom Orione, lançava seguidamente iniciativas que polarizavam os devotos em torno do santuário de Nossa Senhora. A mais famosa foi a Campanha das panelas velhas, que se desenvolveu em Tortona e em muitas cidades da região; amontoaram-se as velhas panelas de cobre, com a promessa de fazer com todas as toneladas daquele cobre a grande imagem de Nossa Senhora que, no alto da torre ainda a ser construída, haveria de triunfar diante de todos os olhos da população local e dos milhares de passantes diários a viajarem pela Via Emília entre Genova e Milão e cidades intermediárias. A estátua colossal, com 14 metros de altura, somente em 1958, dezoito anos depois da morte de Dom Orione, pôde ser colocada no alto da torre, abençoada pelo Cardeal Siri e na presença do Cardeal Ângelo Roncalli, que dois meses depois se tornou o Papa João XXIII.

Outra iniciativa de Dom Orione, daqueles dias, foi a realização do Presépio vivo, que tomou conta da cidade e atraiu toda a população da cidade e das regiões vizinhas.

O Santuário de Nossa Senhora da Guarda de Tortona tornou-se um centro dinâmico e um propulsor da devoção a Nossa Senhora. Cuja festa é celebrada no dia 29 de agosto, e especialmente a gloriosa procissão mariana, tornou-se uma atração para muitos devotos de Nossa Senhora na Itália e para orionitas de todo o mundo.


Pe. Renato Scano - fdp
cl. Osvaldir Ribeiro Mendes - fdp

Fonte: Site dos Orionitas

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