terça-feira, 19 de novembro de 2013

[Sermão] O combate pela virtude da castidade


Sermão para o 25º Domingo depois de Pentecostes

10.11.2013 – Padre Daniel Pinheiro

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Ave Maria…

Sermões relacionados:

[Sermão/Carnaval] Consideração sobre as consequências da luxúria

[Sermão] Tentações, razões, fases, modos de vencê-las

[Sermão] A modéstia no vestir

[Sermão] Contracepção, métodos naturais e cultura de morte

“Tudo o que fizerdes, em palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus Cristo, dando por Ele graças a Deus Pai.”

Na parábola de hoje, NS diz que, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo e semeou cizânia no meio do trigo e foi-se. Entre a cizânia semeada, podemos destacar o pecado da impureza, que tão grande mal faz às almas e à sociedade e que abunda na sociedade, em todos os meios. Diz o Santo Cura d’Ars que nenhum pecado destrói tão rapidamente a alma quanto esse pecado vergonhoso que nos tira da mão de Deus e nos joga na lama. São Tomás de Aquino diz algo semelhante: pela luxúria ou impureza somos afastados ao máximo de Deus. Os santos não estão dizendo aqui que o pecado da impureza é, em si mesmo, o pecado mais grave. O pecado de ódio a Deus ou um pecado contra a fé são em si mais graves, por exemplo. Todavia, os santos dizem que a impureza afasta mais de Deus que outros pecados em virtude da dificuldade em emendar-se quando se contrai o mau hábito de cair nesses pecados vergonhosos. Levado pela ferida do pecado original, o ser humano se deixa escravizar facilmente por esse pecado. E daí vêm consequências gravíssimas. Sobre as consequências drásticas desse pecado para uma alma e para a sociedade, sobre as filhas da luxúria ou impureza, falamos em um importante sermão nos dias do carnaval. Não custa enumerar essas consequências novamente. O vício da impureza gera: cegueira de espírito, precipitação, inconsideração, inconstância, amor desordenado de si mesmo, ódio a Deus, apego à vida presente, desespero com relação à salvação. A luxúria, por tudo isso, leva também a pessoa a perder a fé, a desprezar as verdades reveladas e a se obstinar no pecado, esquecida do juízo e do inferno. Para fazer uma alma perder a fé, é muitas vezes mais eficaz fazê-la se afundar na luxúria do que combater a fé diretamente. As músicas sensuais pelas letras e ritmos, filmes, roupas indecentes, etc., contribuem muitíssimo para a perda da fé sem atacá-la diretamente. Os que combatem a Igreja sabem muito bem disso. Podemos citar ainda, entre as filhas da luxúria, o aborto, que é assassinato, e a eutanásia, que é suicídio ou assassinato. A luxúria leva ao aborto porque as pessoas querem satisfazer suas paixões desordenadas sem responsabilidade. Leva à eutanásia porque se a pessoa já não pode aproveitar a vida, melhor que morra. Quantos males gravíssimos e quantas calamidades espirituais são causados pela busca de um prazer desordenado instantâneo, passageiro. Se de nada vale ao homem ganhar o mundo inteiro, se ele vier a perder a sua alma, o quanto vale ao homem cometer tão vergonhoso e torpe pecado, que lhe faz perder o céu e merecer o inferno? Diz Santo Afonso que, entre os adultos, poucos se salvam por causa desse pecado. Ele dizia isso no século XVIII. Podemos imaginar a situação em nossos dias… Por tão pouca e vergonhosa coisa.

Tendo, então, uma breve ideia das consequências desse pecado, procuremos os meios para adquirir ou avançar na virtude oposta a esse vício, quer dizer, na virtude da castidade. A virtude da castidade é a virtude derivada da virtude de temperança que nos faz ordenar o apetite venéreo conforme a razão iluminada pela fé, que reconhece que isso se reserva aos cônjuges no bom uso do matrimônio, isto é, sem que a procriação seja impedida, podendo, nesse caso, ser verdadeiramente um ato meritório diante Deus. Nossa razão reconhece que esse ato é ordenado à procriação e subsequente educação dos filhos, que se deve fazer dentro de um matrimônio indissolúvel.

Para que possa haver castidade, é preciso que haja primeiro, nos diz São Tomás, a vergonha e a honestidade. A vergonha é o sentimento louvável de temer a desonra e a confusão que são consequência de um pecado torpe. A honestidade é o amor à beleza que provém da prática da virtude. Devemos ter essa vergonha e essa honestidade. Outra raiz da pureza é a modéstia no nosso exterior, no falar, nos modos, no vestir, etc. Sem a modéstia, a pureza será impossível para nós e seremos também causa da queda dos outros.

Colocadas essas bases, para alcançar a castidade, é preciso também rezar muitíssimo, pedindo essa graça. Rezar, sobretudo, para Nossa Senhora, Mãe Castíssima, que sabe ensinar a seus filhos a castidade. A devoção das três Ave-Marias quando se acorda e antes de dormir, pedindo a graça da pureza é muito eficaz para se adquirir a pureza ou para perseverar nela. Também a devoção a São José é muito eficaz no combate pela pureza, pela castidade, sobretudo para os homens. São José ensina aos homens a verdadeira virilidade, que consiste em ter o domínio sobre suas paixões. O homem que se deixa levar pelas paixões, pela impureza é considerado em nossa sociedade decadente como viril. Ora, esse homem é, ao contrário, efeminado, pois efeminado, tecnicamente, é aquele que se deixa levar pelas paixões, pelas más inclinações, que não tem força para combatê-las e vencê-las, em virtude da tristeza e das dificuldades que existem na prática da virtude. Portanto, a devoção a São José vai nos ensinar a verdadeira virilidade, que consiste na castidade. Como diz o Salmo (30, 25): Agi com virilidade e fortalecei o vosso coração, vós que esperais no Senhor. Viriliter agite et confortetur cor vestrum qui speratis in Domino. Invocar o nome de Jesus, Maria e José é de uma eficácia particular para se obter a pureza.

Para sermos castos, é preciso também mortificar os sentidos, sobretudo os olhos. Jó fez um pacto com seus olhos para não olhar para as moças e, assim, se manteve casto. Evitar a vã curiosidade, não parar os olhos em algo que possa suscitar maus pensamentos ou imaginações. E, justamente, é preciso mortificar nossa imaginação, controlando-a, ordenando-a.

É preciso evitar também as ocasiões de pecado, isto é, os ambientes, as pessoas, as coisas, as circunstâncias que podem levar a pecados contra a pureza. Muito cuidado é necessário no namoro ou no noivado. Namorados e noivos devem estar sempre em locais públicos que lhes impeçam de cometer pecados contra a pureza. Devem evitar andar de carro sozinhos, por exemplo. Namoro e noivado devem durar entre um e dois anos, tempo suficiente para conhecer a alma do outro, e que impede o surgimento de familiaridades indevidas. Bastaria um beijo apaixonado para haver um pecado grave entre namorados e noivos (conforme decreto do Santo Ofício de 1666, sob o Papa Alexandre VII). Os pecados contra a pureza aqui prejudicam também o correto juízo que se deve fazer da alma do outro, de suas qualidades e defeitos, a fim de saber se é possível ou não viver uma vida inteira com a pessoa… Levada pelos sentimentos e paixões, o julgamento será falseado.

Outra ocasião de pecado muito séria hoje é o computador, a internet. Deve-se usar a internet com um objetivo preciso, definido, fazendo uma oração antes ou depois. Quem navega à toa na internet dificilmente se preserva de pecado nessa matéria. Redes sociais também são grande fonte de perigo. Se uma pessoa já caiu várias vezes por meio de internet, reze antes de usá-la, coloque uma imagem de Nosso Senhor ou Nossa Senhora perto, para lembrar a presença de Deus, utilize o computador em local público, a que outras pessoas têm acesso. Se nada disso adianta, a solução é simples: renunciar à internet, ao menos temporariamente: mais vale entrar no céu sem internet do que com a internet ser condenado eternamente. O mesmo vale para TV, filmes e coisas do gênero. É preciso lembrar-se sempre de que o mais oculto dos pecados são conhecidos por Deus e serão conhecidos por todos no dia do juízo. É preciso fugir das ocasiões de pecado. Como diz São Felipe Neri, na guerra contra esse vício, os vitoriosos são os covardes, quer dizer, aqueles que fogem das ocasiões de pecado.

Além da oração, da mortificação dos sentidos e da fuga das ocasiões, é preciso evitar a ociosidade. A ociosidade é mãe de inúmeros pecados, a começar pela impureza. O Rei Davi pecou cometendo adultério e homicídio porque em um momento de ociosidade olhou para a mulher do próximo.

É preciso também mortificar-se, fazendo penitências, jejuns, abstinência de carne. Devemos começar observando a penitência da sexta-feira imposta pela Igreja, procurando fazê-la do modo tradicional, quer dizer, nos abstendo de carne. As mortificações facilitam o domínio da razão e da vontade sobre as paixões. É preciso mortificar-se em coisas lícitas para aprender a vencer a si mesmo na hora da tentação. É preciso, de modo particular, ter muita sobriedade no beber álcool.

No combate pela castidade, é preciso se aproximar dos sacramentos com assiduidade. É preciso se confessar com frequência não só depois da queda, mas também para evitá-la. Aqueles que têm o vício da luxúria ou impureza devem procurar a confissão uma vez por semana, ou pelo menos uma vez a cada duas semanas. É preciso comungar com frequência, estando em estado de graça, para evitar quedas futuras. Com o método preventivo e não só curativo, se impede que o pecado lance raízes mais profundas.

É preciso também pensar no inferno, na condenação eterna que se merece por tão pouca coisa, por algo tão passageiro e instantâneo. Perde-se o céu, se merece o inferno, se crucifica NS novamente por pecado tão torpe. Usar dessa faculdade fora do matrimônio, nos assemelha aos animais brutos, irracionais. Como diz São Tomás, o impuro não vive segundo a razão. Portanto, é preciso pensar no inferno e na nossa morte, da qual não sabemos o dia nem a hora. Não devemos adiar nossa conversão. Pode ser que Deus não nos dê a graça da conversão depois. É preciso aproveitá-la agora.

Na hora da tentação propriamente dita, é preciso rezar, em particular invocando o nome de Jesus, Maria e José e pensar em outra coisa, distrair o pensamento com algo bom, lícito, ainda que sem importância, como enumerar as capitais dos estados, por exemplo. O importante é que ocupemos a imaginação e o pensamento com outra coisa. É preciso cortar a tentação imediatamente. Se cair, procurar levantar-se imediatamente, buscando a confissão com verdadeiro arrependimento e propósito de emenda. Existe uma tendência em desmoronar depois da primeira queda, cometendo outros pecados. Isso agrava muitíssimo as coisas, multiplicando os pecados, as penas, solidificando o mau hábito, dificultando tremendamente a conversão.

Quem tem o vício da impureza não deve desesperar, mas deve se apoiar em Deus, em Nossa Senhora, nos anjos e santos e aplicar os meios que mencionamos com muita determinação. Não basta um eu quisera, um eu gostaria. Não, tem que ser um eu quero firme, disposto a empregar os meios necessários para atingir o fim buscado, que é a pureza. Ao ser humano pode parecer impossível livrar-se de tal pecado uma vez que se contraiu o vício e, de fato, não é fácil. Mas com Deus é perfeitamente possível. Quem realmente quer se livrar desse vício e se apoia em Deus, consegue ter uma vida pura. Aqueles que não têm o vício devem continuar vigiando e orando, desconfiando de si, pois se acharem que estão imunes a tais pecados, cairão.

Combater pela pureza é necessário. Devemos fazê-lo com determinação e rezando muito. Diz Santo Agostinho que nessa espécie de pecado a batalha é onipresente, mas que a vitória é rara. Mas bem determinados, vigiando, rezando, empregando os meios que citamos, é plenamente possível. E que grande liberdade nos dá a castidade, que grande alegria viver segundo a razão e a fé.

Dirijo-me agora aos pais e aos que ajudam na educação das crianças. Os pais devem vigiar e favorecer a pureza dos filhos desde a mais tenra idade, para que adquiram a vergonha e a honestidade, para que sejam modestos no falar, nos modos, nas vestes… Cabe aos pais evitar que os filhos adquiram maus hábitos nesse campo, ainda que os filhos não entendam a malícia do que estão fazendo, pois depois não conseguirão se livrar do vício. Cuidado pais, cuidado com as crianças. Vejamos o que diz Pio XII: “Por desgraça, diz o Papa, às vezes acontece que pais cristãos com tantos cuidados na educação de um filho ou de uma filha, que são mantidos sempre longe dos perigosos prazeres e das más companhias, de repente vêem os filhos, com a idade de 18 ou 20 anos, vítimas de miseráveis e escandalosas quedas: o bom grão que semearam foi arruinado pela cizânia. Quem foi o inimigo do homem que fez tanto mal? O que ocorreu, continua o Papa, foi que no próprio lar, nesse pequeno paraíso, se introduziu furtivamente o tentador, o inimigo astuto, e encontrou ali o fruto corruptor para oferecer a mãos inocentes. Um livro deixado por acaso na mesa do pai foi o que destruiu no filho a fé de seu batismo, um romance abandonado no sofá ou no quarto pela mãe foi o que ofuscou na filha a pureza de sua primeira comunhão.” Até aqui o Papa. A cizânia pode entrar ao se folhearem revistas de notícias ou jornais largados na casa. A cizânia pode entrar pela televisão por um trecho do jornal televiso a que a criança assistiu por acaso. Vigiem, pais, vigiem pela alma dos filhos. Por favor, mantenham-nos longe da internet e de tablets e ipads, em que podem acessar verdadeiramente qualquer coisa. Eles já vêem tanta coisa ruim fora de casa. Que ao menos dentro dela eles possam encontrar a pureza e a virtude, a começar pelo exemplo dos pais.

De que vale ganhar o mundo inteiro se viermos a perder a nossa alma? De que vale uma satisfação instantânea, fugaz, e que nos faz perder o céu, merecer o inferno e que crucifica novamente NS? Confiando em Deus, desconfiando de nós mesmos, com uma determinação muito determinada, sejamos castos e puros conforme o nosso estado de vida.

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo Amém.

Fonte: Missa Tridentina em Brasília

sábado, 16 de novembro de 2013

Autoconhecimento, defeito dominante e seus disfarces




O Defeito Dominante


O ser humano é complexo e as suas falhas de comportamento são, por consequência, complexas e diversas. Para não perder-se, é necessário que oriente o conhecimento próprio de modo a achar a falha estrutural da sua maneira de ser.


Porque, se é verdade que todos nós temos vários defeitos, também é verdade que, ao menos em cada fase da nossa vida, há sempre um que predomina. Esse defeito é como que o nosso calcanhar de Aquiles, aquele ponto fraco que causa e explica, ao fim e ao cabo, todo o leque das nossas deficiências.


Os teólogos falam de sete defeitos principais e que dão o nome de "pecados capitais": a soberba, a ira, a inveja, a luxúria, a gula, a avareza, a preguiça. Chamam-se capitais porque são a raiz e a fonte de todas as falhas de comportamento: são o que as causa e as faz proliferar em mil erros aparentemente sem relação entre si. Pôr a descoberto o defeito dominante é encontrar a chave para decifrar a causa das incoerências do nosso comportamento e superar de um só golpe muitas situações de mal-estar íntimo ou de estagnação.


Efeito Multiplicador


Um primeiro critério de avaliação para identificarmos o defeito dominante é justamente procurarmos saber se há uma causa única ou preponderante para os nossos erros práticos.


Suponhamos que uma pessoa note que é habitualmente inconstante, que com frequência fala demais, que é excessivamente condescendente no trato com os filhos; que os colegas o acham cumpridor, mas um perfeito burocrata; que os vizinhos o louvam e de passagem se aproveitam do seu espírito pacífico; que se desgosta com facilidade e é um triste. Que têm a ver entre si essas atitudes tão diferentes umas das outras? Se aprofundar no conhecimento próprio, talvez essa pessoa chegue à conclusão de que é simplesmente um enorme preguiçoso.


O mesmo se poderia dizer de qualquer dos outros erros de base que pode haver na natureza humana. Diz São Tomás que um vício tão bem disfarçado como a avareza leva nada menos do que à inquietação permanente, à dureza, à injustiça, à traição, à fraude e à violência.


Ora, tudo isto indica que, enquanto o defeito de fundo não for desmascarado e combatido, continuarão a manifestar-se em nós outros defeitos mais ou menos exuberantes ou até humilhantes, porque essa raiz amarga irromperá violentamente ou nos acompanhará como uma sombra. Esta onipresença de efeitos é o que nos permite identificar o defeito dominante.


Aparência de Virtude


Outra característica do defeito dominante é que, além de estar escondido, muitas vezes se mascara sob a aparência de virtude.


Assim acontece, por exemplo, quando alguém, sob o argumento de que não é ambicioso, acomoda-se no cumprimento do seu dever profissional, ou por falsa humildade abre mão, na família ou no trabalho, de direitos que são deveres, ou por mal entendida compreensão para com as idéias dos outros transige nos princípios básicos da conduta pessoal.


Os exemplos são inúmeros. Não é que o pai de família seja um liberal; é um fraco, o que é muito diferente. Não é que aquele seja um homem empreendedor, consciente do valor social das riquezas; é um avarento. Este não é bondoso, é apenas bonzinho, um sentimentalóide desfibrado. Aquele não é um homem sereno e isento, mas um apático; e aquele outro não é um homem superior, um homem de critério, mas um linguarudo e um invejoso. E este aqui, será um intuitivo ou um preguiçoso? Etc.


Por isso, é muito importante examinar a contraluz o motivo real das nossas ações e comportamentos, de modo a apurar se aquilo que em nós parece definir a nossa maneira de ser, na verdade não passa do nosso temperamento em estado bruto. Enquanto não o polirmos, é justamente onde vemos a nossa principal virtude que pode estar embutido o nosso principal defeito.


Justificativas e Críticas


A auto-defesa e o seu reverso - a crítica aos outros - são mais um elemento válido para descobrirmos o nosso defeito dominante. O que é que mais nos obriga a justificar-nos, aos nossos próprios olhos e perante os outros? E paralelamente, o que é que nos irrita nos outros?


Podemos achar que temos motivos de sobra para ser agressivos, rudes e desconfiados. Justificamos essa nossa maneira de ser falando, por exemplo, da deslealdade que impera no mundo dos negócios: que não podemos ser ingênuos, que o mundo está cheio de trapaceiros.


Pode ser que até o presente essa nossa maneira de ser nos tenha proporcionado sucessos, por exemplo, no campo profissional; mas quantas pessoas há, bem sucedidas profissionalmente, que, por não olharem a meios para atingirem os seus fins, são duras e desumanas, mais suportadas que respeitadas ou amadas! E esses homens vivem tendo que justificar-se pelos sentimentos de rivalidade, pelos atritos e ressentimentos que semeiam à sua volta. O tufão supera os obstáculos, mas arrasa tudo por onde passa.


Por outro lado, aquele que agride habitualmente tende a considerar-se agredido. Tudo o desgosta nos outros. Vê os outros à sua semelhança. Disse Cristo: Por que vês a palha no olho do teu irmão e não vês a trave que tens no teu?(Mt 7,3). Quantas vezes, se tirássemos a cortina de sujeira que obnubila a nossa visão, simplesmente desapareceria qualquer cisco no comportamento dos outros.


Esta linha contínua e desgastante de auto-defesas e críticas pode estar apontando precisamente um defeito de raiz que, ao contrário, exigiria de nós uma auto-acusação lúcida e fecunda.


Críticas Certeiras


Há aspectos do nosso comportamento que nos escapam porque temos dificuldade em ver-nos a nós próprios. O olho que enxerga a quilômetros de distância não enxerga o outro olho que tem ao lado. Os outros nos vêem melhor, sobretudo as pessoas que convivem conosco. Detectam coisas que nós passam por alto por subjetivismo ou imediatismo.


É preciso pensar, por exemplo, por que razão coisas bem intencionadas e objetivamente boas que fazemos, às vezes produzem efeitos contrários aos que esperávamos. Matamo-nos de trabalhar pela família, chegamos a casa tarde e cansados, e a família não só não nos agradece, mas nos critica. Somos pessoas extremamente ordenadas, mas os amigos e os familiares nos dizem que somos egoístas e indisponíveis. Ou não temos o sentido da verdadeira hierarquia e proporção no cumprimento de todo o arco-íris dos nossos deveres.


É o caso da mãe de família com filhos pequenos, a quem a limpeza e a ordem da casa absorvem totalmente, porque da manhã até à noite vive repondo no seu lugar e limpando as coisas que os filhos sujam ou desarrumam. Está fazendo uma coisa boa e, no entanto, o marido ou as amigas lhe dizem que é perfeccionista, que o que faz é prejudicar a atenção e o carinho de que os filhos necessitam.


É preciso abrir-se a essas críticas, descer do pedestal em que às vezes nos colocamos e pensar que, quando mais parece que temos razão, mais devemos desconfiar de que podemos não ter nenhuma. Essas críticas, por muito que nos humilhem ou transtornem, devem representar, num segundo momento, um convite à reflexão, pois serão uma pista valiosa para descobrirmos o que há de errado ou incompleto na nossa maneira de ser.


J. Malvar Fonseca. Conhecer-se. São Paulo: Quadrante, 1998. p.11-16

Fonte: Blog GRAA

O dantesco tornado arte


A estratégia ardilosa dos ideólogos de gênero para perverter a sociedade encontra amparo na “arte moderna”

Os tempos modernos não só carecem das verdadeiras virtudes, como padecem de sérios e graves vícios. Mais do que pecar, o homem tem exaltado o pecado como "modelo" de comportamento. E sua conduta, infelizmente, acaba refletindo na maneira como ele produz a arte.

O vaso sanitário de Marcel Duchamp exposto nas galerias artísticas é um exemplo de como a arte tem deixado de buscar a beleza para retratar a frivolidade do cotidiano. A indecência, o despudor e a banalização da sexualidade são considerados pelas classes falantes temas "artísticos" e aquilo que deveria ser um oásis converte-se em terreno mais terrível que o próprio deserto. Como destacou o Papa Bento XVI em encontro com artistas na Capela Sistina:




"Com muita frequência, a beleza propagada é ilusória e falsa, superficial e sedutora até ao aturdimento e, em vez de fazer sair os homens de si e de os abrir a horizontes de verdadeira liberdade atraindo-os para o alto, aprisiona-os em si mesmos e torna-os ainda mais escravos, privados de esperança e de alegria. Trata-se de uma beleza sedutora mas hipócrita, que desperta a cupidez, a vontade de poder, de posse, de prepotência sobre o outro e que se transforma, muito depressa, no seu contrário, assumindo o rosto do obsceno, da transgressão ou da provocação gratuita."01

Como consequência de um mundo cada vez mais materialista e fechado para o transcendente, presencia-se um triste fenômeno de decadência. Os homens submetem tudo à sua medida e mesmo aquilo que já foi inscrito definitivamente na natureza não aparece mais como um pressuposto. O resultado é uma "confusão dos diabos" – com toda a carga negativa que a expressão traz: legisladores que se acham "inspirados"; juízes que, com suas sentenças arbitrárias, se fazem deuses; "artistas" que transformam a indolência e a dissolução em "obras de arte".

Os jornais publicaram, na última semana, uma manchete dantesca: "Universitário vai perder virgindade anal (sic) em performance artística" 02. O título do projeto é Art School Stole My Virginity ["A escola de arte roubou minha virgindade"]. Em resumo, um jovem inglês decidiu estrelar publicamente um ato homossexual, em uma galeria de Londres.

É o cúmulo da decadência? Pois, a atitude de Clayton Pettet tem um "significado": destruir a virgindade, tal como é conhecida pela moral judaico-cristã. Em entrevista ao site Vice Brasil 03, ele afirma que a virgindade não passa de "um conceito usado para dar valores às mulheres, um termo heteronormativo que é constantemente usado para indicar o valor de alguém". Assim, "a virgindade é usada para ditar seu valor dependendo do seu gênero".

O universitário europeu vai além e diz que isto "é algo para contar para os netos". "Quero que isso seja algo a ser lembrado, como qualquer artista", revelou.

Se isto já parece absurdo demais, é preciso esclarecer que se trata apenas da "ponta do iceberg", por assim dizer. Por trás de uma exibição como essa, com a intenção de chocar, existe um trabalho ideológico pesado. Está a se falar de várias pessoas financiadas e comprometidas com a malfadada agenda de gênero - que procura eliminar, de modo arbitrário, as diferenças inerentes aos sexos masculino e feminino - e com o que chamam de "desconstrução da heteronormatividade" - uma expressão eufemística para mascarar a destruição da família e da relação conjugal entre homem e mulher. Assim, ao mesmo tempo em que se expõe o ridículo em uma galeria de arte, prepara-se o indecente e o imoral para ser colocado nas cartilhas de educação para crianças e adolescentes.

De fato, a destruição da arte e o fato de que ela não mais se preocupe em retratar a beleza é apenas sintoma de um problema muito maior, que envolve o próprio fundamento da existência humana. Se é verdade, como dizia Paulo VI, que "o mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero"04, não resta dúvida de que este século já enlouqueceu há muito tempo.

Por Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
Encontro com os artistas na Capela Sistina, 21 de novembro de 2009 - Papa Bento XVI
Universitário vai perder virgindade anal em performance artística – Folha de S. Paulo
Esse cara vai perder a virgindade em público em nome da arte – Vice Brasil
Mensagem do Concílio aos Artistas, 8 de dezembro de 1965, Papa Paulo VI

Fonte: Site Padre Paulo Ricardo

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O alerta de Maria para o Brasil: "orem e façam penitências para que o comunismo não prevaleça!"



A voluptuosidade - São Gregório de Nissa

 
"A batalha é dificílima. Precisamos invocar o Altíssimo para que se digne conceder a nós a graça da brutalidade, da força interior. Só assim poderemos vencer a impureza. Boa reflexão!"
Everth Oliveira

A voluptuosidade

São Gregório de Nissa

O fato de que o investigador do vôo das aves, que mencionamos, praticava a magia é atestada pelo relato quando diz que tinha o poder de fazer vaticínios na mão e de consultar através das aves e, antes disso, que havia conhecido pelo zurro da jumenta o concernente à rivalidade que tinha diante. A Escritura apresentou o zurro da jumenta como uma palavra articulada, porque ele habitualmente consultava com uma força diabólica as vozes dos animais. Mostra-nos com isto que quem está enredado com este engano dos demônios chega inclusive a tomar como uma palavra racional o ensinamento que encontra na observação dos sons dos irracionais. Ao escutá-la, compreendeu por aquelas mesmas coisas em que havia errado, que era invencível a força contra a qual o haviam alugado.

Também na narração evangélica a turba de demônios chamada legião (Mc 5, 9 e Lc 8, 30), se prepara para se opor ao poder do Senhor. Porem quando se aproxima Aquele que tem o poder sobre todas as coisas, a horda proclama seu poder excelso e não oculta a verdade: que este é a força divina, e que em tempo vindouro infligirá o castigo aos pecadores. Pois diz a voz dos demônios: “Sabemos quem és: o Santo de Deus, e que vieste antes do tempo a atormentar-nos” (Mc 1, 24; 5, 7 e Lc 4, 34-35). Isto é o que sucedeu também então: o poder demoníaco que acompanhava o mago ensinou a Balaan que o povo era invencível e invulnerável.

Harmonizando este relato com as coisas que já explicamos, dizemos que quem quer maldizer os que vivem na virtude não pode pronunciar nenhuma palavra hostil nem discordante, mas converte sua maldição em benção. Isto significa que a afronta da difamação não alcança os que vivem na virtude. Com efeito, como pode ser caluniado de avareza aquele que não possui nada? Como será reprochado de libertino aquele que vive só levando uma vida de anacoreta? De cólera aquele que é manso? De orgulho aquele que é humilde? Ou como se dirigirá qualquer outra crítica àqueles que são conhecidos pelo contrário, que têm por finalidade apresentar uma vida inacessível à critica a fim de que, como diz o Apóstolo, nosso adversário se envergonhe não tendo nada que dizer (Tt 2, 8)? Por esta razão disse a voz de quem havia sido feito vir para maldizer: “como maldiria àquele que não maldiz o Senhor?” (Nm 23, 8), isto é, como acusarei quem não oferece matéria de acusação, já que, por olhar sempre para Deus, leva uma vida inacessível ao pecado?

Apesar de haver falado isto, o inventor da maldade não cessa em absoluto seu projeto contra os que tentava, mas muda a insídia para sua forma mais antiga de tentar, tentando atrair a natureza para o mal outra vez por meio do prazer. Com efeito, o prazer é apresentado por todo vício como isca que arrasta facilmente as almas sensuais a cair no anzol da perdição. É sobre tudo por meio do prazer impuro que a natureza é arrastada para o mal sem que se controle. É o mesmo que sucede agora. Com efeito, aqueles que haviam prevalecido sobre as armas, que haviam demonstrado que todo ataque de ferro era mais débil que sua própria força, e que com seu poder haviam feito fugir o exército dos inimigos, estes foram feridos pelos dardos femininos através do prazer. E os que haviam sido mais fortes que os varões se converteram em vencidos pelas mulheres.

Com efeito, logo que vieram às mulheres que punham ante eles suas próprias formas em vez de armas, imediatamente esqueceram o ímpeto de seu valor, apagando seu ardor no prazer. Eles estavam em uma situação na qual era natural deixar-se levar à união proibida com estrangeiros. Com efeito, a vizinhança com o mal já era um afastamento da ajuda do bem. Imediatamente a Divindade se levantou em cólera contra eles. Porém o zeloso Finéias não esperou que o pecado fosse purificado por uma decisão do alto, mas ele mesmo se converteu em juiz e verdugo (Nm 25, 1-9). Enchendo-se de ira contra quem se havia deixado levar pela paixão, fez as vezes de sacerdote purificando o pecado com sangue: não com o sangue de algum animal inocente, que não tivera parte na imundície da intemperança, mas com o dos que se haviam unido entre si no pecado.

Sua lança deteve o movimento da justiça divina ao atravessar de um só golpe os corpos dos dois, mesclando com a morte o prazer dos pecadores. Parece-me que o relato propõe aos homens um ensinamento útil à alma. Através dele aprendemos que, sendo muitas as paixões que se opõem à razão do homem, nenhuma outra paixão tem tanto poder contra nós que possa igualar a enfermidade do prazer. Pois o fato de que aqueles israelitas, que unidos se haviam mostrado mais fortes que a cavalaria egípcia, haviam superado os amalecitas, haviam parecido temíveis ante o povo que lhes era vizinho e depois destas coisas haviam vencido a falange dos madianitas, hajam caído na escravidão da paixão quando viram as mulheres estrangeiras, mostra bem – como dissemos – que a voluptuosidade é para nós um inimigo difícil de combater e de vencer.

Tendo vencido imediatamente, só com seu comparecimento, a homens impetuosos com as armas, a voluptuosidade levantou contra eles a bandeira da desonra, publicando sua infâmia à luz do sol. Pois mostrou que os homens, por sua causa, converteram em animais os que o impulso bestial e irracional à impureza convenceu a que esquecessem de sua natureza humana, a ponto de não encobrir sua impiedade, mas gloriar-se com a infâmia de sua paixão e adornar-se com a imundície da vergonha, chafurdando como porcos na lama da impureza, abertamente, à vista dos demais. Que lição tiraremos deste relato? Que sabedores de quanta força para o mal tem a enfermidade da voluptuosidade, mantenhamos nossa vida o mais afastada possível desta vizinhança, de forma que esta enfermidade, que é como um fogo que com sua proximidade acende a chama perversa, não tenha nenhum acesso a nós. Isto é o que ensina Salomão na Sabedoria ao dizer que não se deve pisar a brasa com o pé descalço e que não se deve introduzir fogo no seio (Pr 6, 27-28), pois está em nosso poder permanecer livres de paixão contanto que nos mantenhamos longe de avivar o fogo.

Porém se, ao contrário, chegarmos a tocar este fogo ardente, penetrará em nosso seio o fogo da concupiscência, e então se seguirá a queimadura para o pé e a ruína para o seio.

São Gregório de Nissa

Sobre a vida de Moisés”, cap. 46
 Fonte: Ecclesia Una

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Remédios para curar a impureza - Santo Antônio Maria Claret




REMÉDIOS PARA CURAR A IMPUREZA:


1- De manhã e a noite pede a Mãe da Pureza , a santíssima Virgem, esta preciosa jóia , saudando-a para esse fim com 3 Ave Marias.

2- Logo que tiveres algum pensamento impuro, despreza-o imediatamente e dize a Maria: Virgem Santíssima , valei-me, assisti-me.

3- Aparta-te das más companhias, de bailes e galanteios; nem pelas capas hás de tocar em livros ou papéis desonestos, não olhes para pinturas , estampas ou outros objetos provocativos, e , sobre tudo ,guarda-te de fazer acenos ou ações escandalosas .

4- Veste com modéstia, come e bebe com temperança, não profiras palavras indecentes, não escutes nem acompanhes más conversas, e não dês liberdade a teus olhos.

5- Lembra-te que DEUS te vê,e que tem poder para tirar-te a vida aqui mesmo e lançar-te aos infernos, como aconteceu, entre outros a Onão, que morreu no ATO de cometer um pecado desonesto e SE CONDENOU.

6- Frequenta os Santos Sacramentos

Livro: O CAMINHO RETO
(St Antônio M. Claret)


Nossa Senhora tão Santa e tão Pura, ora pro nobis!

Fonte: O Caminho Reto

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Converter o trabalho em oração e apostolado - São Josemaría Escrivá

Convencei-vos de que não se torna difícil converter o trabalho num diálogo de oração.
Basta oferecê-lo a Deus e meter mãos à obra, pois Ele já nos está a ouvir e a alentar.
Assim, nós, no meio do trabalho quotidiano, conquistamos o modo de ser das almas contemplativas, porque nos invade a certeza de que Deus nos olha, sempre que nos pede uma nova e pequena vitória: um pequeno sacrifício, um sorriso à pessoa importuna, começar pela tarefa menos agradável e mais urgente, ter cuidado com os pormenores de ordem, ser perseverante no dever quando era tão fácil abandoná-lo, não deixar para amanhã o que temos de terminar hoje...
E tudo isto para dar gosto ao Nosso Pai Deus!
Entretanto, talvez sobre a tua mesa ou num lugar discreto que não chame a atenção, para te servir de despertador do espírito contemplativo, pões o crucifixo, que já se tornou para a tua alma e para a tua mente o manual onde aprendes as lições de serviço.

Se te decidires – sem fazer coisas esquisitas, sem abandonar o mundo, no meio das tuas ocupações habituais – a entrar por estes caminhos de contemplação, sentir-te-ás imediatamente amigo do Mestre e com o encargo divino de abrir os caminhos divinos da terra a toda a humanidade.
Sim, com esse teu trabalho contribuirás para que se estenda o reinado de Cristo em todos os continentes e seguir-se-ão, uma atrás da outra, as horas de trabalho oferecidas pelas longínquas nações que nascem para a fé, pelos povos do leste barbaramente impedidos de professar com liberdade as suas crenças, pelos países de antiga tradição cristã onde parece que se obscureceu a luz do Evangelho e as almas se debatem nas sombras da ignorância...


Que valor adquire então essa hora de trabalho, esse continuar com o mesmo empenho durante um pouco mais de tempo, alguns minutos mais, até rematar a tarefa.
Convertes assim, de um modo prático e simples, a contemplação em apostolado, como necessidade imperiosa do coração, que pulsa em uníssono com o dulcíssimo e misericordioso Coração de Jesus, Nosso Senhor.

S.José Maria Escrivá de Balaguer
in "Amigos de Deus", ponto 67

 Fonte: Modéstia São José

A guerra dos Papas contra o diabo

Por: Equipe Christo Nihil Praeponere


O suposto exorcismo feito pelo Papa Francisco serviu para reacender na memória das pessoas a existência do diabo.

Papa Leão XIII

A expressão de Leão XIII era incomum. Os que o conheciam sabiam que algo acontecera. O olhar de perplexidade e de espanto do Santo Padre, fixado acima da cabeça do celebrante da Missa a qual assistia, denunciava a visão. Tratava-se do Maligno. O episódio ocorreu numa manhã comum, quando o pontífice participava de uma Celebração Eucarística em ação de graças à celebrada por ele anteriormente, como fazia de costume.
Imediatamente após o susto, o Papa se levantou e se dirigiu com pressa ao seu escritório particular. Meia hora depois, pediu para que chamassem o Secretário da Congregação de Ritos. O que pretendia Leão XIII? Ordenar que se rezasse todos os dias ao término da Missa a popular oração de invocação a São Miguel Arcanjo e súplica à Virgem Maria para que Deus precipite Satanás ao inferno. Segundo testemunho do Cardeal Natalli Rocca, em 1946, foi o próprio Leão XIII quem a redigiu.


Padre José Antonio Fortea

A batalha dos Papas contra o inimigo de Deus não é de agora. O assunto voltou à baila nas últimas semanas devido a uma oração feita pelo Papa Francisco a um homem na praça de São Pedro, alegadamente possesso. Para o renomado exorcista Padre Gabriele Amorth, não há dúvida de que fora um "exorcismo". Porém, para a Sala de Imprensa do Vaticano, tudo não passou de uma "oração". A declaração da Santa Sé é corroborada por outro exorcista, padre José Antonio Fortea, e também pelo mesmo sacerdote que acompanhava o senhor no dia da prece do Pontífice, padre Ruan Jivas, LC.


O homem, de 49 anos, que aparece nas imagens que correram o mundo chama-se Angelo V. Casado e pai de dois filhos, há 14 anos ele é vítima de possessões demoníacas. Conforme relato prestado ao jornal espanhol El Mundo, a experiência demoníaca começou em 1999, durante uma viagem de ônibus para casa, no estado mexicano de Michoacán. "Senti que uma energia estranha entrava no ônibus... tive a sensação de que estava abrindo minhas costelas. Pensei que fosse um ataque do coração", explicou. Possuído por quatro demônios, Angelo resolveu romper o silêncio devido ao ceticismo com que as pessoas reagem a esses casos: "há sacerdotes que não creem na possessão diabólica, que consideram um problema psiquiátrico. Há muitos possuídos que terminam em manicômios e morrem sem saber o que se passava".


Padre Gabriel Amorth



Para o padre Gabriele Amorth, exorcista da Diocese de Roma, a possessão de Angelo V. não é comum, mas uma possessão mensagem. Ele teria a obrigação de pedir aos bispos mexicanos que condenem a aprovação do aborto no México, em reparação às mortes e à ofensa à Virgem grávida de Guadalupe. Segundo o padre Juan Rivas, LC, que acompanha Angelo há algum tempo, 30 exorcismos já foram feitos, mas nenhum obteve sucesso. "Os demônios dizem que "a Senhora" não os deixará sair enquanto os bispos não cumprirem a condição, que é o ato de reparação e expiação e a consagração à Maria Imaculada", disse o sacerdote em entrevista ao portal Zenit. Angelo V. explicou que decidiu se encontrar com o Papa Francisco após um sonho com o Pontífice, no qual ele aparecia com uma casula vermelha, segurando um turíbulo e rodeado por cardeais. A princípio não deu muita atenção ao sonho, até que assistiu a uma Missa do Santo Padre em que ele aparecia exatamente como na visão. "Passou-me pela cabeça: tenho que ir a Roma. Ademais, naquela época estava lendo um livro do Padre Gabriele Amorth no qual ele dizia que Bento XVI e João Paulo II haviam feito exorcismos em possuídos".


Os exorcismos feitos por Bento XVI e João Paulo II também repercutirem na mídia. No caso do Papa polonês, teriam sido três, sendo um deles poucos anos antes de sua morte, em 2005. Apesar do peso dos 80 anos e da doença de Mal de Parkinson, o embate entre o Santo Padre e o demônio teria ocorrido na tarde de 6 de setembro de 2002. A vítima seria uma italiana de 19 anos. Já Bento XVI teria confrontado o ódio do diabo numa das tradicionais Assembleias gerais de quarta-feira. Segundo o relato do Padre Gabriele Amorth, ao perceber a agitação dos endemoniados, o Papa alemão fitou-os e os abençoou. "Para os possessos isso funcionou como um soco em seus corpos por inteiro", conta o exorcista em seu livro "O último exorcista". O flagelo do diabo imposto a Angelo já lhe causou grandes dramas. "Por sorte, meus filhos nunca me viram em transe, mas sabem que estou doente", lamentou ao El Mundo. Ele confessou que "há momentos em que os demônios parecem que vão sair, mas nunca se vão". Em um mundo cada vez mais dilacerado pelo materialismo, a história de Angelo é uma pedra de tropeço, que revela a existência do Mal e sua antiga batalha contra o Vigário de Cristo. E como ficou claro desde a sua primeira homilia, no que depender de Francisco, essa luta ainda perdurará por muitos anos.

Fonte: Padre Paulo Ricardo

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

5 coisas que um filho precisa ouvir do pai - Daniel Darling



Por graça de Deus, eu sou o pai de quatro filhos fantásticos: três meninas e um menino. Assim como é maravilhoso ser o pai de filhas, é maravilhoso ser pai de um filho.

Em minha casa, Daniel Jr (4 anos de idade) e eu estamos a perder 4-1 com as raparigas, e por isso fizemos uma espécie de aliança para garantir que nem tudo fica pintado de cor-de- rosa, que vemos futebol com alguma regularidade, e que se vêem tantos filmes de super-heróis como filmes da Barbie.

Falando a sério, o trabalho de criar um filho é uma tarefa nobre e importante. Infelizmente, é um trabalho que muitos homens desleixam, abrindo caminho ao que agora se vê como uma crise de grandes proporções no nosso país: a crise da paternidade.

Quando tiver vagar veja as estatísticas e ficar a saber que uma percentagem muito elevada dos jovens que estão na prisão tiveram pouca ou nenhuma experiência de envolvimento com o pai. Na minha função pastoral, eu vi os efeitos devastadores da ausência do pai ou da sua falta de liderança na vida do filho.

Homens, ser pai para os filhos é um trabalho sério. Por isso, gostaria de apontar 5 coisas que todo filho precisa ouvir do pai:

1. Gosto de ti

Qualquer rapaz precisa de ouvir e saber que o pai o ama. Sem essa afirmação, um homem carrega feridas profundas que afetam os seus relacionamentos mais importantes.

Encontrei homens de todas idades que sonham ouvir essas palavras mágicas que significam bem mais quando vêm do pai: gosto de ti.

Nesta altura o meu filho tem só 4 anos, por isso é mais fácil dizer essas coisas. Suspeito que, à medida que crescer, vai ser um pouco mais complicado. Mas continuo a pensar dizer.

Porque por detrás de uma aparência às vezes áspera de um rapaz jovem há um coração que deseja sentir o amor do pai. O que você pode não perceber é que a primeira imagem que o miúdo vai ter do seu Pai celestial é a imagem do pai terreno quando olha para ele.

Ou seja, toca a dizer ao seu rapaz que gosta dele.

2. Estou orgulhoso de ti

Nem sei dizer quantos homens conheço que ainda hoje vivem à espera de ter a aprovação do pai.

No fundo do coração perguntam, porto-me minimamente bem? Estou a fazer o que é certo? O meu pai estará contente comigo?

Ando a aprender que é importante para nós, pais, sermos firmes com os filhos de muitas maneiras (ver abaixo), mas nunca devemos negar a nossa aprovação. Eles precisam de saber, nos momentos certos das suas vidas, que não é preciso que façam mais para conquistar o nosso favor.

Claro, às vezes eles vão decepcionar e temos de lho fazer saber e sentir. E, no entanto, é importante não sermos como senhores que, ao tentar motivar os nossos filhos para a grandeza, omitimos o maior condimento que pode facilitar o êxito: a confiança.

Lembro-me da aprovação que Deus faz ao seu Filho quando estava a ser baptizado por João Baptista. "Este é o meu Filho amado, em ponho a minha complacência" (Mateus 3,17 e Marcos 19,35). Sim, há implicações teológicas importantes nesta frase para além da aprovação, mas não posso deixar de ver a aprovação de Deus a Jesus como um modelo para a relação que temos com os nossos filhos.

Se o seu filho não subir à 1ª divisão, se ele entrar numa universidade que não é Harvard, se ele se tornar camionista e não um gestor de empresas, nunca lhe dê a impressão de que gosta menos dele. Não magoe a sua alma dessa maneira.

3. Tu não és um choninhas, és um soldado

Hoje a cultura apresenta uma imagem confusa da masculinidade.

O que é um homem? A cultura dominante diz que ele é uma espécie de inútil e que o melhor que ele consegue é desperdiçar a adolescência satisfazendo os impulsos sexuais, brincando às guerras na playstation, e sem qualquer tipo de ambição nobre.

Mas Deus não fez o seu filho, ou o meu filho, para ser um indolente, mas para ser um soldado.

Por favor, não se ponham nervosos com a palavra "soldado". É bom para encorajar os filhos a serem masculinos. Isto não tem a ver com ser caçador de leões, condutor de camiões TIR. Muitos homens verdadeiros bebem leite, conduzem utilitários pequenos, e detestam camuflados (como eu).

Há uma visão de masculinidade na Bíblia, de nobreza e força, de coragem e sacrifício. Um homem de verdade luta por aquilo que ama. Um homem de verdade valoriza a mulher que Deus lhe dá. Não se serve dela.

Um verdadeiro homem procura seguir o chamamento que Deus estampou na sua alma, e que é descoberto através da intimidade com Deus, da identificação com os dons e talentos recebidos, e da satisfação das necessidades profundas do mundo (para parafrasear Buechner).

Ninguém consegue ajudar melhor os nossos filhos a orientar-se para a sua missão que nós, os pais. Não deixemos o futuro dos nossos filhos ao acaso. Vamos estar ao lado deles, modelando para eles um modo de viver que tenha sentido.

4. O trabalho duro é um dom, não uma maldição

Ócio, preguiça e indecisão são as melhores ferramentas do diabo para arruinar as vidas dos homens jovens. Pessoal, os nossos filhos precisam de nos trabalhar no duro e ser incentivados e preparados para trabalhar no duro.

Eles precisam de perceber que o trabalho é mais duro por causa da queda original, mas em última análise foi dado por Deus para saborear o seu beneplácito. Ficar com as mãos sujas no esforço, na luta, no cansaço – tudo isto é bom, não é mau.

Infelizmente muitos jovens nunca viram como é importante para um homem poder trabalhar. Vamos mostrar-lhes que o trabalho traz alegria. O trabalho honra a Deus. O trabalho bem feito dá glória ao Criador.

Seja feito com os dedos num teclado, cortando árvores à machadada, ou manobrando uma empilhadora. Seja feito num escritório com ar-condicionado, em pântanos lamacentos, ou debaixo de um carro. Mas não se enganem: o trabalho importa e o que fizermos com as nossas mãos, se for bem feito, é um sinal do Criador.

5. Tens talento, mas não és Deus

Vamos embeber os nossos filhos num sentimento de confiança, de aprovação, de dignidade. Mas vamos lembrar-lhes que, embora agraciados pelo Criador, eles não são Deus.

Temos de lhes ensinar que a masculinidade genuína não se envaidece. Inclina-se. Pega numa toalha e lava os pés dos outros.

Um homem de verdade sente-se confortável tanto quando reza como quando fala. Ele sabe que a sua força não está nas suas façanhas ou naquilo que ele acha que as pessoas pensam dele. A força vem de Deus.

Esta humildade alimenta a compaixão e vai permitir-lhes perdoar àqueles que os hão-de ferir duramente. Vamos ajudar os nossos filhos a saber que as suas vidas realmente começam, não quando eles tiverem 18 anos ou quando tiverem o primeiro trabalho ou quando se apaixonarem por uma mulher.

As suas vidas começaram numa colina poeirenta há 2000 anos, aos pés de uma cruz romana, onde a justiça e o perdão se reuniram no sacrifício sangrento do seu salvador.

Vamos ensiná-los que viver a vida sem Jesus é como dar um concerto no convés do Titanic. É bom enquanto dura, mas, por fim, acaba na tristeza.

Fonte: Senza Pagare

Tratado das Tentações, Capítulo 4: Meio para reconhecer que não se consentiu na tentação





CAPITULO IV.

MEIO PARA RECONHECER QUE NÃO SE

CONSENTIU NA TENTAÇÃO.

Sem dificuldade convimos que, em si mesma, a tentação não é um mal, e que só o consentimento faz o pecado. O que produz embaraço e causa uma viva inquietação às almas que Deus põe nessa provação e que conduz pela via penosa das tentações, é que elas quase sempre temem ofender a Deus; e que, não havendo refletido bastante sobre esta matéria, não têm princípios para se tranquilizarem: não sabem distinguir a tentação do consentimento. Essa incerteza em que elas estão de haverem aderido à tentação lança-as numa perplexidade que as faz sofrer muito, que lhes faz perder a paz interior, que lhes debilita a confiança confrangendo-lhes o coração e que as impede de ir a Deus com liberdade, finalmente que as lança num desânimo extremo e lhes abate inteiramente as forças. Algumas reflexões poderão esclarecer as vossas dúvidas sobre este ponto, e pôr-vos em estado de decidir-vos.

Nós não somos inteiramente senhores de nossa mente e do nosso coração. Não podemos impedir que certas idéias, certos sentimentos nos ocupem. Às vezes mesmo eles nos ocupam de súbito tão fortemente, que a alma é arrastada a seguir um pensamento, um projeto, sem o perceber. A preocupação é tão grande, que não vemos nada, não ouvimos nada do que se passa ao redor de nós, que não nos lembramos sequer do momento em que essas idéias, esses sentimentos começaram a apoderar-se da nossa alma. Assim, muitas vezes, nos achamos, sem reparar, em pensamentos e sentimentos contrários à caridade e a outras virtudes, em projetos de vaidade, de orgulho e de amor-próprio.

Este estado dura mais ou menos, conforme é mais ou menos forte a impressão dos objetos ou da imaginação, ou conforme alguma circunstância impressionante tire mais cedo a alma dessa espécie de encantamento. Então, por uma reflexão distinta, ela percebe aquilo que a ocupa. Se, nesse momento em que é restituída a si mesma, ela condena essa idéia, esse sentimento; se os desaprova e.se se desvia deles tanto quanto pode, prudentemente pode-se assegurar que em tudo o que precedeu ela não fez nenhum mal. A satisfação que ela experimenta de se ver liberta deles é mais um sinal bastante seguro de que a vontade não tomou nenhuma parte neles com reflexão.

Nessa preocupação, não houve deliberação, não houve escolha da parte da vontade. Para que se ofenda a Deus, é preciso que a vontade consinta deliberadamente em alguma coisa má, e que possa renunciar-lhe. Não se acha nem uma coisa nem outra naquilo que precede a reflexão: não pode, pois, haver aí pecado. Aliás, essa desaprovação tão pronta, desde a primeira reflexão, assinala a boa disposição da alma, que não teria admitido essas idéias, esses sentimentos, que não se teria ocupado deles, se os houvesse conhecido com bastante reflexão para os admitir ou rejeitar por escolha. Devemo-nos, pois, comportar neste caso como se essas idéias e esses sentimentos começassem no momento em que os percebemos com reflexão. Só neste ponto é que deve começar o exame que se deve fazer; e, se então eles foram rejeitados, devemos conservar-nos em paz.

Essa preocupação pode ser longa, como muitas vezes sucede na oração, em que somos arrastados por uma distração que absorve toda a atividade da alma. Esta circunstância não a torna voluntária e deliberada. Não depende da vontade tornar essa distração mais curta, como não depende o Impedi-la de vir: não há da sua parte mais escolha numa coisa do que noutra. Também não haverá mais mal; visto que a preocupação que chega subitamente sem que a prevejamos não é um pecado. A longura do tempo que a experimentamos não a torna culposa. Não é, pois, muito difícil decidir-se nessa circunstância.


Padre Michel da Companhia de Jesus, Tratado das Tentações

O marxismo e a destruição das famílias


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Santa Catarina de Siena, Carta 195 - Defender a cidade da tua alma



(Carta 195) Defender a cidade de tua alma

Para Estevão Maconi.

Saudação e objetivo
Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, caríssimo filho no doce Cristo Jesus, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, te escrevo no seu precioso sangue, desejosa de te ver como verdadeiro defensor da cidade de tua alma.
O cão de guarda é a consciência

Ó filho caríssimo, a cidade da alma tem muitas portas. Três as principais: memória, Inteligência e vontade. O criador permitiu que todas elas possam ser atacadas, mas apenas uma não pode ser aberta pelo lado de fora, e esta é à vontade. Assim acontece que algumas vezes a inteligência se obscurece e a memória passa a lembrar realidades vazias e passageiras, com numerosas e diversificadas imaginações, pensamentos desonestos e coisas semelhantes, enquanto todos os sentimentos corporais ficam desordenados e arruináveis. Com isto percebe-se que estas portas não dependem de nosso livre controle. Somente a porta da vontade esta sobre nosso poder e tem como guarda o livre-arbítrio. É uma porta tão robusta, que demônio e pessoa alguma podem abri-la, se o seu guarda não consentir. Mas abrindo-se esta porta, ou seja, sendo dado o consentimento ao que a memória, a inteligência e outras portas sentem, para sempre fica desprotegida nossa cidade. Reconheçamos pois, filho, reconheçamos o grande benefício e desmedido amor que recebemos de Deus, dando-nos posse livre de tão nobre cidade. Esforcemo-nos em pôr junto ao livre- arbítrio um bom e nobre guarda, que é o cão da consciência. Quando alguém se aproxima da porta, latindo ele acorda a razão para que a inteligência veja se é amigo ou inimigo. Então o livre-arbítrio deixara entrar os amigos, para que realizem boas e santas inspirações; mas expulsará os inimigos, fechando a porta da vontade para que não consinta as más imaginações que diariamente se aproximam da porta. Assim fazendo, quando o senhor te pedir, prestarás contas a Ele, poderás entregar a cidade salva e adornada com muitas virtudes através da sua graça.

Conclusão Nada mais acrescento aqui. Como escrevi em comum a todos os filhos no primeiro dia deste mês, chegamos aqui no primeiro domingo do Advento com muita paz. Permanece no santo e doce amor de Deus.

 Jesus doce, Jesus amor.

Fonte: Servo dos Servos de Deus
Cartas Completas de Santa Catarina de Siena, Editora Paulus
http://escritosdossantos.blogspot.com.br/

Amar como Jesus amou


A palavra amor encontra-se tão deturpada que, em muitos casos, já não é possível descobrir seu significado


A estratégia do movimento revolucionário em curso segue muito mais pela via da semântica, que das armas. Cooptar a linguagem e modificá-la de tal maneira que já não seja possível saber do que se fala, tem sido o carro-chefe da revolução há pelo menos meio século. E mesmo dentro da Igreja é possível perceber essa discrepância entre a letra e a hermenêutica. Reino de Deus, por exemplo, pode representar desde o paraíso celeste ao mundo melhor desejado pelos socialistas.

A palavra amor também não foge à regra. Usá-la para justificar todo tipo de barbaridade, quer na esfera pública, quer na eclesiástica, tornou-se algo corriqueiro. Com efeito, aquilo que para os católicos deveria estar no centro de sua fé, ou seja, a crença no amor de Deus e as exigências que dele decorrem, se converte em pura superficialidade e experiências sentimentalistas. Daí a reação ignara de certos meios à qualquer tipo de repreensão ou correção. Afinal de contas, diriam, o que importa é o amor.

Todavia, uma tal forma de pensamento não é somente absurda, mas nociva. E os seus frutos provam isso a cada vez que uma criança se rebela contra a autoridade de seus pais. Ora, “uma característica de quem ama de verdade é não querer que o Amado seja ofendido”01, logo, acusar de farisaismo quem, preocupado com a verdade de Cristo, se propõe a defendê-la abertamente é uma atitude, no mínimo, desonesta. Não se trata aqui de endossar contendas e comportamentos afetados de quem está mais interessado em destruir, que converter, mas de entregar-se sobremaneira à missão de Cristo de ir pelo mundo e fazer discípulos entre todas as nações.

Assim, instrui São Paulo, “prega a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir.” (Cf. II Tim 4, 2) “Se, porém” – questiona São João Crisóstomo – “eles pelas obras profanam a fé e não se escondem, cobertos de vergonha, debaixo da terra, por que se irritam contra nós, que condenamos com palavras o que eles manifestam com ações?” Não existe verdadeiro amor pelo bem sem um ódio mortal por aquilo que é mal. O amor só é verdadeiro se estiver intimamente associado à verdade e à justiça, e por isso ele é, não raras vezes, motivo de verdadeiro escândalo. E por isso quando o amor se fez carne o homem o matou numa cruz. O preço do amor de São João Batista foi sua cabeça servida em uma bandeja.

A palavra amor é banalizada, sobretudo, quando, em nome dela, se opta por uma vida de pecado desregrado e de mentira. Isso não é amor, é falta de caráter. O coração do que ama verdadeiramente é impelido a dizer palavras como as de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão: “tirai-me antes a vida que ofender o vosso bendito Filho, meu Senhor.” Toda ação missionária da Igreja é norteada por essas mesmas palavras do santo brasileiro. Uma missionariedade que, apesar das oposições, preocupa-se, sim, com a conversão dos pecadores, uma vez que foi o próprio Cristo a exortá-los a serem santos como o Pai é santo.

Dom Eugênio Sales costumava dizer que o problema da Igreja é de alfaiataria: “tem saia de mais e calça de menos”. O falecido cardeal se referia à pusilanimidade, à síndrome de Poliana que acredita que tudo é belo, tudo é bom, tudo é lindo e sem pecado. Uma presunção que arrasta a Igreja à covardia e à frouxidão, por isso, diametralmente oposta à virtude do amor. O verdadeiro cristão, contudo, não se alicerça na covardia, mas na fortaleza, na virilidade, na radicalidade do amor, com a qual o Papa Pio XI afirmava: “Quando se tratar de salvar alguma alma, sentiremos a coragem de tratar com o diabo em pessoa”.

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O Homem Medíocre

ERNESTO HELLO¹, L'Homme, II, c. VIII: El hombre mediocre:


"O homem verdadeiramente medíocre sente um pouco de admiração por todas as coisas; mas a nenhuma delas admira com entusiasmo... Encara toda afirmação como insolente, porque esta exclui a proposição contraditória. E se é um pouco amigo e outro pouco inimigo de todas as coisas, admirar-te-á por sábio e reservado. O homem medíocre proclama que todas as coisas tem seu lado bom e sua parte má, e que não se deve ser absoluto nos juízos. Se resolutamente afirmas a verdade, o medíocre dirá que tens demasiada confiança em si mesmo. O homem medíocre lamenta que existam dogmas na religião cristã; seu desejo seria que ensinasse somente a moral; e se o dizes que a moral se fundamenta nos dogmas, te responderá que exageras... Si a palavra exagero não existisse, o homem medíocre a inventaria.
O homem medíocre parece habitualmente modesto; não pode ser humilde, a não ser que deixe sua mediocridade. O homem humilde despreza todas as mentiras, ainda que todo o mundo as elogie; e cai de joelhos diante da verdade... Se um homem naturalmente medíocre se faz cristão de verdade, deixa absolutamente de ser medíocre... O que ama não é medíocre nunca".
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¹ Citado por Fr. Garrigou-Lagrange, O.P., em 'Las tres edades de la vida interior'

Homem que passou a ser mulher afinal diz que é homem

Don e Dawn
Em Maio deste ano, Don Ennis, produtor e editor da ABC News, anunciou publicamente que iria deixar a sua mulher e os 3 filhos , depois de 17 anos de casamento, porque afinal ele próprio era uma mulher, e que o seu nome passaria a ser Dawn Ennis.

Garantiu que não se tratava duma crise de meia-idade e que aquilo representava quem ele era e o que tinha que fazer para ser feliz. Daí em diante passou a usar roupa de senhora para o trabalho e foi elogiado por várias organizações LGBT.

No entanto, para surpresa de muitos, Don/Dawn veio agora dizer que afinal de contas é mesmo um homem, que gosta de mulheres e que tudo não passou duma amnésia.


Num mundo que vivesse conforme a razão, se um homem casado há 17 anos viesse dizer que afinal é uma mulher, todos diriam: tem mas é juízo! Mas este mundo teima em perder a razão. 

Fonte: Senza Pagare

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A Providência Divina e o dever do momento presente, Parte II - Pe. Reginalg Marie Garrigou-Lagrange


O ENSINAMENTO DAS ESCRITURAS E DA TEOLOGIA SOBRE O DEVER DO MOMENTO PRESENTE.

São Paulo escreveu na I Epístola aos Coríntios, X, 31: “Ou comais ou bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. — Também em Colossenses, III, 17: “Tudo o que fizerdes, em palavras ou por obras, (fazei) tudo em nome do Senhor Jesus Cristo, dando por ele graças a Deus Pai”.

Nosso Senhor disse, como conta São Mateus, XII, 34: “A boca fala da abundância do coração. O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração; e o mau tira coisas más do mau tesouro. Ora, eu digo-vos que, de qualquer palavra ociosa que disseram, os homens darão conta no dia do Juízo”.

Santo Tomás mostra todo o sentido e o alcance desta doutrina quando ensina (Ia IIae, q. 18, a. 9) que não há ato deliberado que, concretamente considerado, “hic e nunc”, seja moralmente indiferente; cada um de nossos atos deliberados é ou bom ou mau. Por quê? Porque todo ato deliberado de um ser inteligente deve ser racional ou ordenado a um fim bom, bom em si mesmo; e todo ato deliberado de um cristão deve ser ordenado, ao menos virtualmente, a Deus. Se for assim, será um ato bom; se não for assim, será um ato mau. Não há meio termo. Mesmo nossas recreações, nossos divertimentos, nossos passeios devem ter um fim bom em si. É verdade que ir passear, considerado abstratamente, é indiferente. Também pode ser indiferente ir passear aqui ou ali, mas o passeio deve ter um fim racional, como por exemplo, o de reparar nossas forças, para retomarmos depois o trabalho que devemos realizar. Por isso mesmo, os divertimentos têm um sentido moral e um valor próprio na vida do ser racional.

Como diria de modo simbólico um bom pregador, todos os nossos atos deliberados são como as gotas de chuva que caem do alto da montanha, na linha divisória das águas; destas gotas de chuva, algumas irão para um rio e um oceano; as outras, para outro rio e outro mar, oposto e distante. Assim também nossos atos vão para o bem, isto é para Deus ou para o mal. Nenhum desses atos, tomados na realidade concreta da vida, é indiferente.

À primeira vista, esta doutrina parece muito rígida. Mas não é: basta uma intenção virtual ou implícita, renovada pela manhã no momento da oração, e também cada vez que o Espírito Santo nos faz elevar nossos corações para Deus.

Esta é, muito pelo contrário, uma doutrina consoladora, pois, segue-se daí, que na vida do justo, todo ato deliberado é bom e meritório, seja fácil ou difícil, pequeno ou grande.

Esta doutrina é também santificante se a entendermos bem e a vivemos, pois nos leva a pensar que o que Deus faz a cada momento é bem feito e cada acontecimento é um sinal de sua vontade. Assim Jó, privado de tudo, via nessa privação uma vontade de Deus que o provava para o santificar e em vez de maldizer aquele minuto tão penoso, bendizia o nome do Senhor. Aprendamos pois a reconhecer, no que acontece a cada momento, seja uma vontade positiva de Deus, seja uma permissão divina, sempre ordenada a um bem superior. Assim, aconteça o que acontecer, sempre guardaremos a paz.

São Francisco de Sales resumiu toda esta doutrina nestas poucas palavras: “Cada momento que chega até nós encerra em si uma ordem de Deus, e irá mergulhar na eternidade, permanecendo para sempre aquilo que dele fizemos”.

Este reconhecimento quase constante da vontade divina, discernida do dever do momento presente, decorre sobretudo do dom da Sabedoria que faz ver em Deus, causa primeira e fim último, todos os acontecimentos, tanto os penosos quanto os agradáveis. É por isto que Santo Agostinho diz que a esse dom corresponde a bem-aventurança dos pacíficos, quer dizer, daqueles que conservam a paz onde os outros se perturbam e que muitas vezes levam a paz aos mais perturbados: “Beati pacifici, quia filii Dei vocabuntur”.

(extr. de "La Providence et la Confiance en Dieu", ed. Desclée, Paris, 1932. Permanência, Set-out. de 79. Trad.: Júlio Fleichman)
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Notas:

[1] Como se lê no Livro II dos Reis, 16, 6: “Semei, parente de Saul, ultraja o profeta David, jogando-lhe pedras e o maldizendo. Um oficial de David quer matar o insultante. David responde: “Deixe-o amaldiçoar! Pois se o senhor lhe disse: Amaldiçoa David quem lhe dirá: por que ages assim?... Deixe-o maldizer... talvez o Senhor olhe para minha aflição e me dê bens pelas maldições desse dia”. Esta palavra faz pensar naquela de Nosso Senhor quando, durante a Paixão, recomendando calma a Pedro, se deixa prender pelos homens armados conduzidos por Judas e cura o soldado Malco que Pedro tinha ferido com sua espada. Quantos fatos semelhantes a estes, na vida dos santos se realizaram, quando ocasiões imprevistas se apresentaram.

[2] Dt 32, 39; 1 RS 2, 6; Tb 13, 2; Sb 16, 13.

[3] O Abandono à Providência, ed. abreviada, 1. II, cap. VII.

[4] Assim se explica o bem sobrenatural feito às almas por santos como o Cura d’Ars, que sem grande cultura teologal, tinha o sentido da conduta de Deus em relação às almas mais diversas. Era assim que o santo Cura dava no mesmo dia, sem tempo para refletir, a centenas de pessoas, o conselho certo, imediatamente aplicável, que lhes era necessário.
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